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TORRE DE DÚVIDAS
Maharishi São Paulo Tower foi anunciada, há cinco meses, a megatorre
que o empresário Mario Garnero pretende erigir na região central paulistana ganhou mais 16 metros de altura, protocolos de financiamento e papéis atestando andamento e viabilidade do projeto. Mas resta uma torre
de dúvidas sobre o destino dessa
idéia entre ambiciosa e mirabolante.
Considere-se seu financiamento.
Garnero diz que o Maharishi Global
Development Fund (MGDF) compromete-se a despender até US$ 1,65
bilhão para tocar o projeto. Mesmo
Garnero, no entanto, observa que podem faltar recursos, que seriam obtidos com novos parceiros ou, em última instância, pelo próprio MGDF.
Mas, numa obra de tal vulto e risco, a
busca de sócios e recursos adicionais
pode não ser tão simples assim.
Pode-se argumentar que tais questões são de conta e risco de empresários, mas a construção da torre deve
demandar a desapropriação de 600
mil metros quadrados, modificações
de ruas e avenidas e integração com o
transporte coletivo. Eventual fracasso
afetará, portanto, o interesse público.
Empreendedores e técnicos da prefeitura estimam o custo das desapropriações em R$ 220 milhões, mas ele
pode ser duas ou três vezes maior, segundo especialistas. Os donos da torre pretendem negociar com os proprietários atingidos. Caso haja impasse, porém, a prefeitura faria desapropriações e seria reembolsada. Parece, pois, um cenário propício a
pendências judiciais ou até a complexas transações, por assim dizer.
Registre-se ainda certa precipitação
no planejamento da construção. Pretende-se iniciar a obra no começo de
2000, mas mal se sabe como serão
solucionadas questões como impacto no trânsito e no transporte público. É difícil crer que as soluções estejam prontas até a virada do ano.
A prefeitura quase já avaliza o projeto, que deverá ser apreciado por uma
Câmara Municipal impopular. Há
precipitação e dúvidas sobre a viabilidade financeira e urbanística do projeto. Tendo em vista que São Paulo já
sofreu tantos desastres de planejamento urbano, talvez fosse melhor,
no mínimo, ir devagar com o andor.
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