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PAZ NA IRLANDA
É histórica a deposição de armas anunciada pelo Exército
Republicano Irlandês (IRA). O grupo
terrorista católico, que luta pela independência da Irlanda do Norte do
Reino Unido, aceitou o desarmamento diante da ameaça de o processo de paz entrar em colapso.
É possível que o momento internacional tenha contribuído, mas a deposição das armas se inscreve no
quadro mais restrito do Acordo de
Paz da Sexta-Feira Santa, assinado
em abril de 98 e aprovado em referendo tanto pela Irlanda do Norte como pela República da Irlanda.
Pelo que foi então acertado, a Irlanda do Norte ganharia maior autonomia política, inclusive com a constituição de um Parlamento local, presos políticos seriam libertados e, em
troca, o IRA entregaria suas armas.
Nos últimos tempos, contudo, os
combatentes católicos vinham se recusando a cumprir a sua parte, alegando que a entrega das armas equivaleria à capitulação. Em julho, o ex-premiê David Trimble (protestante,
que comandava precário governo de
coalizão com católicos) renunciou
devido à recusa do IRA em seguir
com a implementação do acordo de
1998. Foi para salvar o que restava da
coalizão que o IRA finalmente optou
pela deposição das armas.
Obviamente não existem receitas
ou fórmulas prontas para acabar
com o terrorismo. Mesmo o hoje
promissor processo de paz na Irlanda ainda deverá atravessar percalços.
Membros do IRA sempre poderão
voltar a comprar armas. Fica, contudo, a constatação de que esforços
consistentes para alcançar a paz passam por reconhecer os problemas
que levaram ao surgimento do grupo
terrorista e por tentar encontrar soluções políticas para a questão.
Sem prejuízo do imperativo de capturar e julgar os responsáveis por crimes hediondos, o diálogo e a negociação ainda são recursos efetivos para combater as causas que ensejam
os chamados conflitos assimétricos.
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