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SEM TRANSPARÊNCIA
O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, talvez inadvertidamente, usou dados imprecisos em reunião na semana passada
com o presidente Fernando Henrique Cardoso sobre a greve dos professores das universidades federais.
Paulo Renato afirmou que a parcela
mais numerosa dos professores ganha entre R$ 4.000 e R$ 5.000. Mas,
segundo dados do MEC, 16,6% dos
professores estão nessa faixa salarial,
enquanto 22,75% estão na faixa de
R$ 2.001 a R$ 3.000.
O ministro também não foi preciso
ao dizer que há professores com vencimentos mensais acima de R$ 30
mil. Esse é o tipo de estratégia que
nada ajuda na busca de uma solução
para a greve nas universidades federais. Transparência é o mínimo que
se exige nessas negociações.
É certo que há desperdício de recursos nas universidades públicas. Mas
isso não autoriza o ministro a apresentar dados questionáveis para tentar convencer o governo de que há
marajás nas universidades federais.
Tampouco é recomendável mostrar uma tabela com os professores
que ganham mais de R$ 5.000 por
mês, sem deixar claro que eles representam 13,45% dos 69.864 docentes.
Não há como negar que os professores têm um rendimento desproporcional à sua qualificação. Também é inegável que os recursos destinados às federais são escassos.
A solução para esses problemas
não é trivial e exige boa disposição do
governo e dos professores. A discussão sobre fontes alternativas de recursos, por exemplo, não recebeu
ainda a importância que merece, o
que tem feito as fundações proliferarem um tanto desordenadamente e
sem regulação adequada. Infelizmente, um bom encaminhamento
para o problema das universidades
públicas parece longe de ser obtido.
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