São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SEM TRANSPARÊNCIA

O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, talvez inadvertidamente, usou dados imprecisos em reunião na semana passada com o presidente Fernando Henrique Cardoso sobre a greve dos professores das universidades federais.
Paulo Renato afirmou que a parcela mais numerosa dos professores ganha entre R$ 4.000 e R$ 5.000. Mas, segundo dados do MEC, 16,6% dos professores estão nessa faixa salarial, enquanto 22,75% estão na faixa de R$ 2.001 a R$ 3.000.
O ministro também não foi preciso ao dizer que há professores com vencimentos mensais acima de R$ 30 mil. Esse é o tipo de estratégia que nada ajuda na busca de uma solução para a greve nas universidades federais. Transparência é o mínimo que se exige nessas negociações.
É certo que há desperdício de recursos nas universidades públicas. Mas isso não autoriza o ministro a apresentar dados questionáveis para tentar convencer o governo de que há marajás nas universidades federais.
Tampouco é recomendável mostrar uma tabela com os professores que ganham mais de R$ 5.000 por mês, sem deixar claro que eles representam 13,45% dos 69.864 docentes.
Não há como negar que os professores têm um rendimento desproporcional à sua qualificação. Também é inegável que os recursos destinados às federais são escassos.
A solução para esses problemas não é trivial e exige boa disposição do governo e dos professores. A discussão sobre fontes alternativas de recursos, por exemplo, não recebeu ainda a importância que merece, o que tem feito as fundações proliferarem um tanto desordenadamente e sem regulação adequada. Infelizmente, um bom encaminhamento para o problema das universidades públicas parece longe de ser obtido.


Texto Anterior: Editoriais: PAZ NA IRLANDA
Próximo Texto: Madri - Clóvis Rossi: Segurança e racismo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.