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ELIANE CANTANHÊDE
Se colar, colou
BRASÍLIA - É interessante como o movimento do presidenciável Tasso Jereissati mexeu com praticamente
todos os seus potenciais concorrentes.
O cearense Ciro Gomes ficou na
sua, mas José Serra lançou o lema da
"responsabilidade cambial" sem ser
convidado, Anthony Garotinho viajou a Brasília acenando com um
"olha eu aqui" e Itamar Franco ressurgiu ontem, candidatíssimo.
Sinal de que Tasso tem peso no processo e é recebido com certo temor
por todos eles. O fato de ter três pontos nas pesquisas hoje não quer dizer
nada. Aliás, só quer dizer que não é
conhecido e tem como crescer.
Além de Tasso abrir a campanha
governista e acordar os adversários,
outro fato importante da sucessão é o
anúncio de que o peemedebista Eliseu Padilha sai do Ministério dos
Transportes em novembro.
Se política fosse matemática, isso
significaria o seguinte: que o PMDB
está desertando do governo, vai patrocinar a candidatura Itamar e empurrar o PSDB para o colo do PFL.
Como não é, pode-se dizer que as três
assertivas são verdadeiras só em parte e o mais importante é que Itamar
de fato ganha novo ânimo.
Ontem, em Brasília, ele disse que: 1)
o candidato de FHC não vai de jeito
nenhum para o segundo turno; 2)
Lula, do PT, tem chance de ganhar já
no primeiro; 3) ainda há tempo para
uma união das oposições.
A lógica do lançamento de Itamar
no PMDB é razoavelmente simples:
para os 19 candidatos do partido
com chances para governos estaduais, a candidatura própria a presidente é sempre melhor do que a de
vice de quem quer que seja. Ainda
mais vice de quem não deslancha.
Aí, entra o velho PMDB de guerra:
Padilha sai dos Transportes, mas
mantém vínculos com a máquina; o
PMDB despreza a aliança, mas mantém bons contatos com os tucanos;
lança Itamar candidato e espera para ver o que dá. Se colar, colou. Se
não colar, é só se agarrar ao candidato que mais colar.
Pragmático é. E nem chega a ser
novidade no PMDB.
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