São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2001

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ELIANE CANTANHÊDE

Se colar, colou

BRASÍLIA - É interessante como o movimento do presidenciável Tasso Jereissati mexeu com praticamente todos os seus potenciais concorrentes.
O cearense Ciro Gomes ficou na sua, mas José Serra lançou o lema da "responsabilidade cambial" sem ser convidado, Anthony Garotinho viajou a Brasília acenando com um "olha eu aqui" e Itamar Franco ressurgiu ontem, candidatíssimo.
Sinal de que Tasso tem peso no processo e é recebido com certo temor por todos eles. O fato de ter três pontos nas pesquisas hoje não quer dizer nada. Aliás, só quer dizer que não é conhecido e tem como crescer.
Além de Tasso abrir a campanha governista e acordar os adversários, outro fato importante da sucessão é o anúncio de que o peemedebista Eliseu Padilha sai do Ministério dos Transportes em novembro.
Se política fosse matemática, isso significaria o seguinte: que o PMDB está desertando do governo, vai patrocinar a candidatura Itamar e empurrar o PSDB para o colo do PFL. Como não é, pode-se dizer que as três assertivas são verdadeiras só em parte e o mais importante é que Itamar de fato ganha novo ânimo.
Ontem, em Brasília, ele disse que: 1) o candidato de FHC não vai de jeito nenhum para o segundo turno; 2) Lula, do PT, tem chance de ganhar já no primeiro; 3) ainda há tempo para uma união das oposições.
A lógica do lançamento de Itamar no PMDB é razoavelmente simples: para os 19 candidatos do partido com chances para governos estaduais, a candidatura própria a presidente é sempre melhor do que a de vice de quem quer que seja. Ainda mais vice de quem não deslancha.
Aí, entra o velho PMDB de guerra: Padilha sai dos Transportes, mas mantém vínculos com a máquina; o PMDB despreza a aliança, mas mantém bons contatos com os tucanos; lança Itamar candidato e espera para ver o que dá. Se colar, colou. Se não colar, é só se agarrar ao candidato que mais colar.
Pragmático é. E nem chega a ser novidade no PMDB.



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