São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2001

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PAINEL DO LEITOR

Guerras
"Em alguns lugares do Brasil, a fome de muita gente é saciada com alimentos encontrados no lixo. São cenas deprimentes, que podem ser vistas nas ruas das principais cidades do país. Onde moro, São Caetano, tida como cidade de Primeiro Mundo, vejo dezenas de famintos, como ratos, comendo restos de comida. É um dado alarmante? Claro que não, pois essas cenas não são transmitidas ao vivo pela televisão internacional. A face de nossas crianças que dormem ao relento nos rincões do Nordeste, ou mesmo na periferia das grandes metrópoles, representa uma outra guerra, da qual somos testemunhas omissas, pois os meios de comunicação nos deixam a par de uma realidade absurda e cruel."
Turíbio Liberatto (São Caetano do Sul, SP)

Espinha
"FHC tem somente a preocupação de formar a espinha dorsal do ministério. Isto é, ministro da Fazenda tem que ser o melhor e mais competente, os outros podem ser meia-colher; ajeita-se de acordo com os acertos políticos. Imaginem que a Folha está divulgando que há 15 possíveis candidatos a governador, deputado e alguns até a presidente ("FHC tenta recompor base com ministério-tampão", Brasil, pág. A4, 24/10). E assim se faz um governo. O fulano é escolhido para ministro, distribui verbas para suas bases, forma seu eleitorado e se candidata. E o resultado é sempre o mesmo: tal ministro não tem experiência nenhuma. Até quando vai continuar essa farra?"
Antonio Carlos Ribeiro (Tupã, SP)

Antraz
"A onda de pânico que tomou conta do mundo após os atentados terroristas nos EUA e as constantes ameaças de contaminação por antraz está recebendo grande e mais do que válida atenção da mídia internacional. No entanto a mídia, no cumprimento do seu dever de informar, acaba, mesmo que involuntariamente, gerando um problema igualmente preocupante, que é a verdadeira "febre" de alarmes falsos com supostos pós contaminados, mobilizando autoridades e a população em países como o Brasil. Felizmente não estamos no epicentro dos recentes acontecimentos e não seríamos alvos preferenciais do bioterror. Mas aqui, como em qualquer lugar do globo, existem "espíritos de porco" que resolvem criar mais esse medo. Portanto é imprescindível que a Justiça atue com mãos pesadas nesse momento e puna de forma exemplar e imediatamente os autores de tais "brincadeiras"."
Wasley de Santana Bessa (Duque de Caxias, RJ)

"Em livros de dermatologia (Sampaio, Azulay e outros) e de doenças infecciosas e parasitárias (Veronesi), antraz e carbúnculo são doenças distintas: antraz é infecção estafilocócica, aglomerado de furúnculos, enquanto carbúnculo é uma zoonose (bactéria carbunculosa ou B. anthracis), eventualmente transmitida ao homem ("anthrax", em inglês). Em relação aos dicionários, quem cometeu o erro (provavelmente responsável) foi o clássico Candido de Figueiredo, que no seu "Dicionário da Língua Portuguesa" coloca antraz como sinônimo de carbúnculo. Outros dicionários ("Aurélio", "Houaiss') copiaram o erro de Candido de Figueiredo. Assim, o velho Candido de Figueiredo e os novos "Aurélio" ou "Houaiss" não tiveram o cuidado de consultar textos médicos ou dicionários de termos médicos, como o "Dicionário Enciclopédico de Medicina" (A. Céu Coutinho, 3ª edição) -obra clássica, editada em Portugal- e o "Dicionários de Termos Técnicos de Medicina" (Delamare, 1984), em que antraz e carbúnculo são infecções individualizadas e definidas. Quanto a Luiz Rey, pesquisador da Fiocruz, permita aconselhar que consulte algum livro de dermatologia ou doença infecciosa, para conhecer a diferença entre antraz e carbúnculo, ou o "Dicionário de Termos Técnicos de Medicina", de Delamare, cujo prefácio da edição brasileira é de Carlos Chagas, glória da medicina brasileira e do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz). Por fim, uma sugestão: a cada dia que passa adotam-se mais termos do inglês. Para não se usar indevidamente antraz ou carbúnculo, poder-se-ia, como fez a revista "Veja", usar o termo "anthrax"."
Sebastião A. Prado Sampaio, médico e professor emérito de dermatologia da Faculdade de Medicina da USP (São Paulo, SP)

Legítima defesa
"O prof. Tercio Sampaio Ferraz Jr., em artigo publicado na Folha ("Terrorismo e Retaliação", "Tendências/ Debates", pág. A3, 24/10), parece fazer nas entrelinhas uma crítica ao instituto da legítima defesa. Entretanto o ilustre catedrático não apresenta soluções, assim como os pacifistas também não o fazem, enquanto os agressores atacam suas vítimas. Gostaria de saber se algum erudito tem uma solução melhor, além de discursos irreais e pouco pragmáticos."
Marcelo Pereira (São Paulo, SP)

Congratulações
"Parabéns ao missivista Samir Kaliba ("Painel do Leitor", pág. A3, 23/10). Em meio à desconfiança generalizada, seja contra essa ou aquela religião, ou ausência dela, é importante mostrar que devemos é viver em paz -o que quer a maioria- e respeitar o próximo, seja por sua religião, etnia, orientação política, sexual etc."
Alexandre Aleixo Pereira (São Paulo, SP)

"Gostaria de parabenizar a equipe da Folha pelo conjunto de matérias do caderno especial Trainee, de 22/10."
Paula Cristina da Silva Barreto, professora do Departamento de Sociologia da Universidade Federal da Bahia, doutoranda em Sociologia na USP (São Paulo, SP)

Injustiça
"Maluf nunca foi um santo. Tivemos a chance de ficar cinco anos sem ele, mas, do que este homem fez pelo Estado de São Paulo na época que era governador, ninguém fez nem um décimo. Porém tudo que acontece de ruim é atribuído a ele. Agora corremos o risco de perder a chance de esse administrador voltar; e não dá mais para brincar, São Paulo está precisando de Maluf por tudo. Falar mal é fácil, mas compará-lo a figuras que roubaram o Brasil e, pior, não fizeram absolutamente nada enquanto estavam no poder é, no mínimo, um pouco de ignorância."
Roberto Moreira Da Silva (Cotia, SP)

Azulão
"Concordo com e explico a não-inclusão do São Caetano na Liga Rio-São Paulo: no esquema atual, com a participação apenas de equipes "categoria B", não há lugar para o azulão. Quando for criado o torneio para clubes "categoria A", certamente ele será incluído."
João Antonio Martini Paula (Campinas, SP)


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