São Paulo, domingo, 25 de outubro de 1998

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PAINEL DO LEITOR

Chega de crise
"De um tempo para cá, venho discutindo com amigos e parceiros profissionais -chegando todos nós à mesma conclusão- sobre os efeitos nocivos na vida do país que tem causado a mania de só falarmos -todos- em crise!!
Não se trata de brincar de "Pollyanna' e não enxergar os problemas e dificuldades existentes. Mas podemos e devemos olhar com outros olhos a situação do Brasil.
Após o Plano Real, que tirou do horário nobre a taxa de inflação diária, muitos historiadores e jornalistas comentaram o fato de que poderíamos estar entrando num período em que todos teriam muitas dificuldades para arranjar manchetes interessantes todos os dias. Não quero acreditar que esse "catastrofismo' seja uma maneira de manter o leitor, telespectador, ouvinte etc. interessado no noticiário diário.
Conclamo os meios de comunicação, os políticos, o empresariado, o povo em geral a resgatar a esperança e a acreditar que com perseverança e muito trabalho vamos conseguir atravessar essa ponte. A própria Folha poderia resgatar um quadro que existia até há bem pouco tempo na Primeira Página, intitulado "Boa Notícia'. Que tal?"
Marcio Parra (São Paulo, SP)

Eleições
"Vou às urnas hoje mais uma vez expressar a minha decepção com o sistema político-eleitoral. Certo é que o vencedor fará o possível e o impossível por ele próprio e pouquíssimo pelo povo (se este o pressionar). Nada de trégua aos políticos, enquanto não aprovarem, no mínimo, essas duas salvaguardas: a fidelidade partidária e o voto distrital. Destruindo o esconderijo das víboras, abutres e camaleões, separa-se o joio do trigo e sabe-se onde encontrar o "Político'."
Pedro Hermínio de Santana (Guarulhos, SP)

Taxação de fortunas
"Chegou a hora de o governo mandar para o Congresso -e ser aprovado pelos congressistas- o imposto sobre fortunas. Neste país, os ricos é que sonegam impostos. Na reforma tributária, esse imposto é superimportante para combater a recessão."
Arlindo Lopes (Assis, SP)

Convocação do Congresso
"A Folha deu a notícia que a convocação do Congresso, em janeiro, deve custar R$ 30 milhões. O presidente do Senado, ACM, afirma que ela vai acontecer, e o recém-reeleito deputado federal Michel Temer, presidente da Câmara, diz que é "inevitável'! Ora, os parlamentares já estavam em "férias', não regulamentares, cuidando das campanhas eleitorais. Isso já foi resolvido há 20 dias. O que estão esperando para trabalhar!?"
Marciano Franco Netto (São Paulo, SP)

Discriminação
"Enquanto setores progressistas e lúcidos da sociedade se organizam no sentido de melhorar a convivência entre todos, buscando direitos iguais, lutando contra discriminações, injustiças e preconceitos, existe uma minoria atrasada, um grupo (devo dizer bando?) que sai colando cartazes nas ruas onde está escrito: "Homossexual hoje, aidético amanhã'. Quanta ignorância!
Esse bando, autodenominado Frente Anticaos, que surgiu do esgoto para perpetuar o preconceito e o racismo, reúne o que existe de mais retrógrado, fascista, abjeto e covarde que já vi.
É realmente lamentável constatar que reacionários assim ainda continuam violentando o direito de ir e vir e o direito de expressão das pessoas. Espero, realmente, que a sociedade tome providências para que grupos como esse deixem de ameaçar a cidadania."
Adalto Freire (São Paulo, SP)

Mercado da morte
"Gostaria de parabenizar Marilene Felinto pela excelente reportagem publicada no último domingo (18/10), intitulada "Mercado da morte especula com a dor'.
A série de reportagens esclareceu o quanto diversas famílias são humilhadas e exploradas em situações de absoluta fragilidade emocional. Há três meses perdi meu irmão em um acidente de moto. Quando eu e minha família fomos tratar dos trâmites para a liberação do corpo e o sepultamento, não podíamos imaginar a burocracia e a extorsão pela qual passaríamos.
Sinto-me impotente e humilhada, pois não consegui tomar nenhuma atitude concreta que pudesse punir os infratores. Como ela mesmo disse: "Mundo cão este em que vivemos!'."
Cristiane Hirata (São Paulo, SP)

Energia nuclear
"A decisão do governo alemão de fechar suas usinas nucleares deveria ser seguida pelo governo brasileiro. O momento é oportuno, pois o Brasil poderia se beneficiar da ajuda do governo alemão no processo de desativação da usina de Angra dos Reis."
Mário Barilá Filho (São Paulo, SP)

Trabalho infantil
"Escrevo esta carta para falar sobre as meninas domésticas, cujo número está crescendo no Brasil.
Não concordo com o trabalho infantil, porque na maioria das vezes as meninas domésticas acabam abandonando seus estudos e não conseguem ter uma profissão melhor. Mesmo sendo proibido o trabalho de criança com menos de 14 anos, o governo parece não estar preocupado com essa situação. Não podemos deixar que o futuro do nosso país acabe dessa forma."
Roberta Canossa Santana, 14, estudante (São Paulo, SP)

TV disciplinada
"O governo enviará brevemente ao Congresso o projeto da Lei Geral de Comunicação Eletrônica de Massa, que, na prática, estabelece o controle estatal sobre a televisão. Está, assim, a caminho aquilo que os concessionários de TV sempre temeram: o controle da programação pelo Estado.
Se implantado, o controle estatal será um retrocesso -mas os próprios canais teriam sido os culpados. Por que o governo quer disciplinar a TV? Porque já cansou de esperar que a televisão adote uma forma de autodisciplina.
As emissoras afirmam que os índices de audiência crescem à medida em que aumenta a intensidade de violência e sexo, mas os juristas do governo contra-atacam, citando uma pesquisa encomendada pelo Ministério da Justiça, que indicou que 75% dos brasileiros desejam a criação de um mecanismo de controle externo das emissoras.
Submeter a TV ao controle do Estado seria um mal. As emissoras devem se conscientizar de que a alternativa é a própria TV instituir um código de autodisciplina rigoroso, realista, e ... obedecer a ele. Antes que seja tarde."
Luis Vergniaud (Rio de Janeiro, RJ)

Taiwan
"Foi recusada mais uma vez a tentativa da República da China em Taiwan de se reintegrar à Organização das Nações Unidas. Durante o último debate, o comitê teve 16 países que foram a favor da reintegração e 40 contra. Entre estes últimos, além da China continental, também estava o Brasil. Para muitos, entre os quais me incluo, é difícil entender o motivo.
A realidade é que os 21 milhões de habitantes de Taiwan se encontram discriminados e sem amparo legal por não ter quem os represente diante dessa organização que hoje controla a maioria das atividades internacionais.
É verdade que o Brasil não mantém relações diplomáticas com Taiwan, mas isso não justifica que um país democrático e soberano como o nosso tenha que abandonar seus princípios fundamentais e ignorar a justiça para satisfazer um outro país que foi criticado reiteradamente por violar os direitos mais elementares: os humanos."
Alexandra Emanuel Guima (São Paulo, SP)



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