São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 2002

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NOVA OTAN

A Otan, a aliança militar ocidental, encerra sua reunião de cúpula em Praga (República Tcheca) anunciando mudanças que incluem a criação de uma força de reação rápida e a entrada de sete novos membros. Apesar da recauchutagem, a crise de identidade da organização está longe de ter sido resolvida.
A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) surgiu em 1949 para tentar conter a influência e o poderio dos russos na então União Soviética. De lá para cá, a União Soviética acabou, e vários dos países que pertenciam à sua zona de influência já entraram para a organização. A própria Rússia acabou tornando-se uma "parceira estratégica".
Tendo perdido seu sentido original, a Otan está hoje em busca de um papel. Sua principal liderança, os EUA, pretende que ela se torne uma força capaz de auxiliar no combate ao terrorismo. Foi por essa razão que a organização anunciou a criação de uma tropa de reação rápida e a modernização de seu equipamento. Também foi por isso que alterou seus estatutos, para poder intervir em todo o planeta, e não mais apenas no âmbito do Atlântico Norte.
Há, porém, dúvidas quanto à possibilidade de sucesso dessa empreitada. E os problemas são tanto de ordem prática quanto geopolítica. Para começar, as decisões da Otan são tomadas por consenso. Será, evidentemente, necessário mudar isso, agora que a organização terá seu quadro ampliado. A dificuldade será chegar a uma fórmula que contente todas as partes. De mais a mais, os EUA cobram mais investimentos dos sócios europeus, que não parecem muito dispostos a elevar gastos militares.
A verdade é que fica difícil manter uma estrutura como a Otan sem um objetivo que lhe dê coesão, como era a defesa comum nos tempos da Guerra Fria. Aos EUA interessa dispor de uma organização militar multilateral que lhe seja dócil, mas talvez esse papel já não convenha aos principais parceiros europeus. Vale lembrar que a União Européia constitui hoje o principal pólo de poder mundial alternativo aos EUA.


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