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Geografia da sede
O "ATLAS Nordeste" compilado pela Agência Nacional de Águas (ANA) traça
uma rota acidentada para a população do Semi-Árido e entorno até 2025. A dificuldade da jornada se mede pelos números e
investimentos projetados: R$ 3,6
bilhões, necessários para deslanchar a pletora de 546 obras.
Sem esse dispêndio, em duas
décadas 70% das cidades no norte de Minas Gerais e na região
Nordeste enfrentarão crise no
abastecimento para consumo
humano. No cálculo do Atlas, 41
milhões de pessoas serão afetadas pela insegurança hídrica.
A pior situação se aguarda para
Pernambuco, onde seriam imprescindíveis obras no montante
de R$ 1,4 bilhão. Tal soma viria
sanar toda sorte de deficiências,
de mananciais insuficientes a
sistemas de abastecimento subdimensionados. Predomina a
precariedade na infra-estrutura
de distribuição, não tanto de fontes de água: 52,8% dos municípios enfrentariam quadros críticos por dificuldade de fazer o líquido chegar a quem precisa, e
menos por carecer dele.
Cabe assinalar que o estudo
não entra no mérito do projeto
dileto da administração Lula, a
transposição do rio São Francisco -primeiro manancial da região. Orçada em R$ 4,5 bilhões, a
chamada integração de bacias
aumentaria a disponibilidade hídrica em várias sub-regiões, mas
tem mais potencial para suprir a
demanda de irrigação.
A soma total, de mais de R$ 8
bilhões, dá a dimensão titânica
do desafio por enfrentar nos três
níveis de administração, municipal, estadual e federal. Com a ínfima capacidade de investimento
do setor estatal no presente e no
futuro previsível, corroída pela
escalada de gastos de manutenção do governo em todas as esferas, o compêndio da ANA se afigura mais como geografia da sede anunciada do que recurso de
planejamento estratégico.
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