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São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Previdência
"Enquanto o governo não entender que todo trabalhador, seja ele militar, civil, público, privado, intelectual, braçal etc., precisa ter o mesmo respeito e os mesmos privilégios, a reforma da Previdência não vai sair da estaca zero, pois, se começarmos a diferenciar este ou aquele, e se nem este nem aquele quiserem abrir mão de seu quinhão para a estabilidade de milhões, vamos empurrar com a barriga pelo menos por mais quatro anos a imprevidência desta reforma. Eu falo de conhecimento próprio, pois já fui militar, hoje sou civil, já trabalhei no serviço público, hoje trabalho na iniciativa privada, fui trabalhador braçal, hoje sou acadêmico e pago previdência privada."
Rubercí Batista de Morais (Jacareí, SP)

 

"O artigo do ministro Ricardo Berzoini ("Tendências/Debates", 24/1, pág. A3) explica racionalmente o peso que as aposentadorias dos funcionários públicos têm no déficit da Previdência, talvez o grande buraco negro do Estado brasileiro. Quando diz, porém, que a isonomia entre os servidores públicos será mantida "quando possível", a razão cede lugar à astúcia, que antevê as pressões dos setores mais poderosos do Estado, como os militares, o Judiciário e o Legislativo. Parece que mais uma vez se confirmará o adágio -tristemente brasileiro- de que alguns cidadãos são mais cidadãos que outros. A isonomia de um eventual teto de aposentadoria para os servidores não é uma questão tecnocrática -expressão do ministro-, é uma questão de princípios éticos. Oxalá o governo do PT não os esqueça de todo!"
Ayrton Freire Junior (São Paulo, SP)

Fome de quê
"Votei em Lula e espero pacientemente pelas reformas sociais. Mas me senti provocado em saber que a primeira atitude concreta do "novo governo" foi aumentar a taxa Selic. O projeto Fome Zero parece ter começado mesmo, mas matando a fome do insaciável mercado"
Ozéias Freitas (São Paulo, SP)

 

"Nós, cidadãos brasileiros, tínhamos esperanças de que a fisionomia do país mudaria com a eleição de um candidato dito de esquerda. Porém, agora, despertos de nossa ilusão, nós nos defrontamos com uma triste realidade: a de que a classe política, de fato, não quer mudanças. O discurso de Fome Zero é, sobretudo, demagógico, se partirmos do pressuposto de que nem mesmo os países do capitalismo desenvolvido resolveram o problema. Além disso, se a atitude do governo federal é ludibriar, já a Prefeitura de São Paulo, por exemplo, impõe um aumento abusivo nas tarifas do transporte público e, no entanto, ninguém manifesta descontentamento."
Charles Gentil (São Paulo, SP)

No Rio
"Noticia a Folha (Brasil, 24/1, pág. A4) que no Rio de Janeiro, entre fiscais estaduais e auditores federais, já passa de dez o número de envolvidos no esquema de envio de US$ 36 milhões à Suíça. Quer dizer: a "banda podre" na Receita de lá é bem maior e mais voraz do que se imaginava. Como bem maior era a razão do então secretário Luiz Eduardo Soares, que, após corajosas investigações, denunciou a existência de uma "banda podre" na polícia fluminense. E, como prêmio, foi vexatória e imediatamente exonerado pelo então governador Anthony Garotinho."
Hélio Selles Ribeiro (Guaratinguetá, SP)

Idioma
"Lendo a Folha, todos os dias encontro, principalmente nos cadernos que falam de economia e música, termos escritos em inglês. Como ex-professora, fico pensando no quanto nossa língua é rica em vocabulário e por que usar tantas palavras estrangeiras. Será que todo mundo agora domina o inglês como também o português? Eu sou de classe média e não vejo isso acontecer a meus amigos. Sugiro que este jornal faça uma campanha para que o português seja, de fato, nossa língua falada e escrita -e passe a usar 100% nossos termos."
Vicência Brêtas Tahan (São Paulo, SP)

Fiscalização
"Com relação ao editorial "Fraude renitente" (Opinião, 21/1, pág. A2) e às reportagens "ANP ignora mapa da gasolina fraudada" e "Autuações nos postos cresceram 81% em um ano, afirma agência" (Dinheiro, 20/1, pág. B1), gostaria de esclarecer alguns pontos não apresentados corretamente. Ao contrário do que afirmam o editorial e as reportagens, a fiscalização da ANP utiliza as informações do levantamento de preços divulgado semanalmente no site www.anp.gov.br como um dos instrumentos de planejamento das ações de fiscalização. Dentre os dez postos revendedores do município do Rio de Janeiro que vêm apresentando os preços mais baixos, segundo a pesquisa, oito foram alvo de 32 ações de fiscalização em 2002, que resultaram em seis autuações, seis notificações por falta de documentação e uma interdição. Na capital paulista, dentre os que apresentaram preços mais baixos no levantamento, foram realizadas 71 ações de fiscalização ao longo de 2002, com 21 autuações, oito notificações e nove interdições."
Sebastião do Rego Barros, diretor-geral da ANP -Agência Nacional do Petróleo (Rio de Janeiro, RJ)

Nota da Redação - Luiz Augusto Horta Nogueira, diretor técnico da ANP, admitiu que as informações sobre preços coletadas pela ANP são apenas "levadas em conta" pelo departamento de fiscalização da agência e que o cruzamento de dados sobre preços e sobre qualidade dos combustíveis dependia de um sistema que estava ainda sendo montado pela agência. Isto é, não era feito o cruzamento das duas informações, como informam a reportagem e o editorial.

Doutores integrados
"A política de aumento do número de doutores formados no país, apresentada pelo ministro de Ciência e Tecnologia (Ciência, 24/1), é adequada. Mas o ministro Roberto Amaral não pode deixar de se preocupar em estabelecer e viabilizar mecanismos para o aproveitamento desses doutores pela indústria nacional. Vivemos um dilema: o número de doutores está muito aquém do razoável, mas nosso parque industrial não absorve esses profissionais. A atuação de um doutor não pode ficar restrita ao meio acadêmico. Espero que essa abordagem seja clara ao ministro e que ele sensibilize a indústria brasileira."
Adilson R. Gonçalves, Departamento de Biotecnologia - Faenquil (Lorena, SP)


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