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EXPLICAÇÕES DO BC
A surpreendente decisão do
Comitê de Política Monetária
(Copom) do Banco Central de manter a taxa de juro básica em 16,5% desagradou a boa parte dos agentes
econômicos. A queda do risco-país,
a valorização do real e a ausência de
pressões de demanda (dada a retomada ainda desigual da economia, o
elevado desemprego e a queda no
rendimento do trabalho) pareciam
permitir uma redução mais decidida
da taxa básica -embora o mercado
apostasse em queda de apenas meio
ponto percentual.
É verdade que havia indicações de
repasses de preços em decorrência
de aumentos de custos em setores da
indústria. Juro alto, no entanto, não é
remédio para reverter possíveis choques de custos. Ele pode, no máximo, ao desacelerar a economia, deter
sua propagação.
O BC alegou ser necessário tempo
para analisar os efeitos da queda de
dez pontos percentuais ocorrida de
junho a dezembro. Essa aparente
"insensatez" do Copom levou o deputado Delfim Netto a pensar em pedir que a Comissão de Economia e de
Finanças da Câmara convoque a direção do BC para explicar o modelo
econômico e os números utilizados
para justificar suas decisões.
Desde meados do ano passado, estava se configurando um cenário de
redução nas taxas de juros e melhora
das contas externas que permitiria a
retomada da atividade produtiva
com estabilidade -o prometido "espetáculo do crescimento".
A decisão do Copom perturbou esse cenário, gerando instabilidade e
incerteza. Um dos possíveis efeitos
da interrupção dos cortes nos juros
deverá ser a queda na recomposição
dos estoques, uma importante fonte
de estímulo para dinamizar a economia no início do ano.
Além disso, a manutenção da taxa
Selic tem impactos deletérios sobre
as finanças públicas. Uma queda de
meio ponto percentual na Selic, que
já seria cautelosa, poderia significar
uma economia de R$ 3,6 bilhões ao
longo do ano. A redução das obrigações da dívida é mais que desejável,
tendo em vista as restrições das finanças públicas, também premidas
pela elevada meta (4,25%) de superávit primário. Tem razão, portanto, o
deputado Delfim Netto ao desejar
que o BC preste à sociedade uma explicação convincente.
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