|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CIÊNCIA DA POLÍTICA
A reforma ministerial anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a tratar a
Ciência e Tecnologia como espaço
de manobra política, o que é preocupante, pois a pasta exige conhecimento especializado na formulação
de estratégias e credibilidade no relacionamento com a comunidade
científica e setores afins. Os desafios
da área são indissociáveis dos projetos da Educação, das Comunicações
e da Indústria e Comércio.
O governo não apresentou, porém,
um projeto nacional capaz de articular esses vários ministérios e de permitir a criação de uma agenda comum. Uma oportunidade para isso
seriam as políticas industriais que,
até aqui, não saíram do papel.
Há desafios também no financiamento. O Estado brasileiro abriga,
desde o governo FHC, uma pletora
de fundos setoriais que se soma a
instituições como a Financiadora de
Estudos e Projetos (Finep) e o
BNDES. Sem esquecer as fundações
de amparo à pesquisa (FAPs) estaduais, que estão longe da transparência necessária.
Até agora, não se concluiu o trabalho de organização do sistema de
gestão desses fundos. No ano passado, cogitou-se até da pulverização
dos recursos pelos ministérios, proposta que naufragou diante da reação da comunidade científica.
Espera-se também uma participação crescente de empresas privadas
no esforço de pesquisa e desenvolvimento no país. Como em outros casos de transferência de recursos públicos para o setor privado, no entanto, ainda falta muito para que se consolide uma cultura empresarial de investimento em pesquisa.
A reforma do governo Lula pode
até vir a melhorar o desempenho de
alguns ministérios, mas não há nada
que estimule maior otimismo no que
se refere à área científica.
Texto Anterior: Editoriais: EXPLICAÇÕES DO BC Próximo Texto: Editoriais: DEPOIS DO VÉU
Índice
|