São Paulo, segunda-feira, 26 de janeiro de 2004

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CIÊNCIA DA POLÍTICA

A reforma ministerial anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a tratar a Ciência e Tecnologia como espaço de manobra política, o que é preocupante, pois a pasta exige conhecimento especializado na formulação de estratégias e credibilidade no relacionamento com a comunidade científica e setores afins. Os desafios da área são indissociáveis dos projetos da Educação, das Comunicações e da Indústria e Comércio.
O governo não apresentou, porém, um projeto nacional capaz de articular esses vários ministérios e de permitir a criação de uma agenda comum. Uma oportunidade para isso seriam as políticas industriais que, até aqui, não saíram do papel.
Há desafios também no financiamento. O Estado brasileiro abriga, desde o governo FHC, uma pletora de fundos setoriais que se soma a instituições como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o BNDES. Sem esquecer as fundações de amparo à pesquisa (FAPs) estaduais, que estão longe da transparência necessária.
Até agora, não se concluiu o trabalho de organização do sistema de gestão desses fundos. No ano passado, cogitou-se até da pulverização dos recursos pelos ministérios, proposta que naufragou diante da reação da comunidade científica.
Espera-se também uma participação crescente de empresas privadas no esforço de pesquisa e desenvolvimento no país. Como em outros casos de transferência de recursos públicos para o setor privado, no entanto, ainda falta muito para que se consolide uma cultura empresarial de investimento em pesquisa.
A reforma do governo Lula pode até vir a melhorar o desempenho de alguns ministérios, mas não há nada que estimule maior otimismo no que se refere à área científica.


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