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EXEMPLO ALENTADOR
Se for bem conduzido pela Promotoria, o julgamento do ex-ditador iugoslavo Slobodan Milosevic,
que ocorre em Haia (Holanda), deverá dar novo alento aos defensores do
projeto de criação de um tribunal penal internacional (TPI) permanente.
A corte julgaria responsáveis por crimes de guerra ou contra a humanidade e por atos de genocídio.
Antes de sair do papel, o Estatuto
de Roma (1998) -que prevê o estabelecimento do TPI permanente-
necessita da ratificação de 60 países,
mas, por enquanto, conta com a de
52. À primeira vista, isso poderia indicar que uma corte de competência
universal passaria a existir em breve.
Porém a ausência de alguns dos Estados mais poderosos do planeta entre os países que o ratificaram dificulta a consecução desse objetivo.
Entre outros, a Rússia, a China e os
EUA ainda não o fizeram. A oposição de Washington é a mais relevante. Ela se baseia em questões práticas, como a possibilidade de cidadãos americanos serem julgados pelo uso de força no exterior. Todavia a
questão ideológica é a que, por enquanto, realmente impede a ratificação do documento pelos EUA.
O atual governo é doutrinariamente contrário à Justiça internacional, e
o presidente George W. Bush se reserva o direito de decidir quem está
"do lado do bem" e quem a ele se
opõe. Washington incluiu a Coréia
do Norte, o Irã e o Iraque no que definiu como "eixo do mal", deixando
pouco espaço de manobra ao restante da comunidade internacional.
Outra ausência importante entre os
Estados que ratificaram o documento é a do Brasil. Nação sul-americana
de maior peso regional, o país exerce
influência sobre seus vizinhos e deveria ajudar a fazer pressão diplomática para que os Estados Unidos aceitem essa universalização no direito
penal internacional. Cabe ao Congresso ratificar o Estatuto de Roma.
Vale lembrar que o presidente Fernando Henrique Cardoso vem defendendo com ênfase, em discursos
recentes, o TPI permanente.
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