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CLÓVIS ROSSI
O teorema Serra
SÃO PAULO - Enquanto foi parlamentar, Cesar Maia, hoje prefeito do
Rio pelo PFL, sempre me pareceu um
bom analista político. Até porque tinha (ou tem ainda) a rara qualidade
de enviesar pouco as suas análises
para adaptá-las a seus interesses político-eleitorais.
Depois que se fixou no Rio, falamos
muito pouco. Não sei se perdeu a capacidade analítica ou não. Ainda assim, vou me arriscar a desafiar suas
reiteradas afirmações de que José
Serra (PSDB) vai desistir em favor de
Roseana Sarney (PFL), que, sempre
segundo o prefeito, estará em breve
consolidada como candidata.
É possível, claro, mas a pesquisa
Datafolha de domingo começa a sugerir o inverso. Por partes.
1 - Roseana não foi lançada candidata para valer, originalmente.
Cumpria dois objetivos não-excludentes: melhorar as condições de negociação do PFL com o PSDB e testar
uma candidatura que pudesse derrotar Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
cuja vitória continua sendo um pesadelo para os esquemas de poder tradicionais (a rigor, seculares).
2 - Um marketing eficiente fez com
que Roseana preenchesse ambas as
condições mais rapidamente do que
seria razoável esperar.
3 - Mas a mais recente pesquisa do
Datafolha insinua que Serra também
pode preencher a condição de vencedor de Lula, o que é, afinal de contas,
o interesse maior da coligação ora no
poder e de seus apoiadores no mundo
empresarial.
4 - Não compro a tese de que Roseana é um Collor de saias, mas, assim
mesmo, parece evidente que o histórico de Serra oferece mais garantias como gestor, se eleito, do que o da governadora maranhense.
É claro que a concretização desse
teorema depende de um novo avanço
de Serra nas próximas pesquisas.
Mas ele se tornou pelo menos possível. Resta ver se, mais adiante, se tornará provável.
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