São Paulo, quinta-feira, 26 de fevereiro de 2004 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Tá nem aí...
JOSÉ CARLOS ALELUIA
A maior prova disso é a disposição das indústrias em aumentar o preço do arroz em até 40%. O do café pode chegar a 22%, e o do óleo de soja a 15%. Ao todo, são quase cem tipos de mercadorias, do feijão aos enlatados. Uma contradição e tanto para um governo que promete acabar com a fome, mas faz subir os preços dos alimentos mais consumidos pela população de baixa renda. As indústrias integram uma cadeia produtiva que começa na produção das matérias-primas a serem processadas e termina na embalagem e transporte até os revendedores. Se o preço sobe na ponta, reflete no produto final e contamina todo o processo. É exatamente isso o que está acontecendo. Não basta copiar a política econômica do governo anterior. É preciso competência para gerenciá-la, e a realidade está mostrando que o PT é muito bom de crítica quando está na oposição, mas ruim de serviço quando vira governo. Além de prometer e não entregar, usa propaganda enganosa para fazer cortina de fumaça e esconder sua incompetência. O povo já percebeu isso. De acordo com os números da última pesquisa CNT/Sensus, menos da metade dos entrevistados (48%) crêem que o governo está cumprindo suas promessas. Há poucos meses, eram quase 60% os que acreditavam nas promessas do PT. A pior conseqüência da pressão pelo aumento dos preços é o desemprego, no campo e na cidade. Se, por exemplo, o arroz subir até 40%, como publicou a Folha de S. Paulo na edição de 10 de fevereiro, o trabalhador vai comer menos, e as vendas cairão. Está formada a corrente da perversidade, na qual todos perdem. Nesse ritmo, o governo do PT vai bater o seu próprio recorde de desemprego, e a meta de gerar 10 milhões de postos de trabalho fica cada vez mais distante. Hoje, registra a pesquisa CNT/ Sensus, 53% dos brasileiros cobram mais atenção do governo para o desemprego. A cada dia fica mais claro que a equipe ministerial é ineficiente, e o presidente está muito mais preocupado em fazer turismo e exibir factóides no exterior do que em agir rápido para, por exemplo, diminuir o sofrimento das vítimas das chuvas. Não adianta ir lá e fazer discurso bonito, porque este tipo de problema se resolve com ação. A reforma tributária do PT começa a mostrar seu lado perverso, atingindo em cheio o bolso da população, principalmente os pobres e a classe média. Enquanto o povo é obrigado a apertar o cinto, o piloto quer gastar R$ 165 milhões num avião novinho em folha, consumindo 74% da verba de reaparelhamento da FAB. Não tá nem aí. José Carlos Aleluia, 54, deputado federal pelo PFL da Bahia, é o líder do partido na Câmara dos Deputados. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Sérgio Cardoso: Universidade pública democrática Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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