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São Paulo, sábado, 26 de abril de 2003

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EUA SEM GUERRA

O final da etapa mais ostensiva da guerra anglo-americana ao Iraque, se deu consistência à tendência positiva de queda nos preços internacionais do petróleo, ao mesmo tempo recolocou em evidência a constatação negativa de que os EUA estão longe de uma recuperação.
O sintoma imediato desse mal crônico surge nas Bolsas, que recuaram fortemente no fechamento da semana diante dos números ruins sobre o crescimento econômico. O PIB dos EUA teve alta de 1,6%, abaixo das expectativas de 2,3% que circulavam nos mercados financeiros.
O Dow Jones, principal indicador de Wall Street, sofreu baixa de mais de 150 pontos, acionando um sistema que limita a intensidade das oscilações de cotações.
Além da frustração com as perspectivas de crescimento, pesa cada vez mais no horizonte dos investidores a percepção de que a epidemia mundial de Sars é mais grave e terá efeitos econômicos negativos mais profundos do que se imaginava.
O governo Bush aproveita cada oportunidade em que os indicadores decepcionam para pregar em favor de cortes nos impostos.
Enquanto isso, os custos da guerra no Iraque e o cenário de pessimismo generalizado entre os investidores levam os observadores mais críticos a prognosticar um desequilíbrio fiscal crescente nos EUA. No pior cenário, o Fed teria de elevar os juros.
Na prática, parece cada vez mais ocioso discutir a microeconomia de custos e benefícios de cortes nos impostos quando as tendências macroeconômicas nos EUA, na União Européia e na Ásia se revelam tão frustrantes. Simplesmente a proporção dos problemas ultrapassa em muito a escala em que supostamente teriam efeito os benefícios fiscais para as empresas e as classes ricas defendidos pela equipe de Bush.
Os EUA sem guerra continuam patinando contra um inimigo interno que é difícil combater: uma economia fragilizada por uma grande crise de confiança.


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