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SAÚDE IRREGULAR
Enquanto é louvado mundo
afora por seu programa anti-Aids, que oferece a todos os pacientes tratamento gratuito pela rede pública, o Brasil tem um péssimo desempenho no controle da tuberculose, ficando atrás de inúmeros países
africanos e asiáticos, além de ocupar
a pior posição das Américas. E é o caso de lembrar que, enquanto a Aids é
uma doença incurável, mas que pode
ser controlada, a um gasto de US$
1.400 por paciente por ano (custo
médio ponderado), a tuberculose,
em sua versão não-resistente a antibióticos, é uma moléstia totalmente
curável, e a um preço bem menor:
US$ 10 por todo o tratamento.
A dificuldade em obter a adesão do
paciente tuberculoso passa pela efetividade das drogas. Para curar-se, é
preciso tomar três antibióticos por
cerca de seis meses. Só que, após algumas semanas de tratamento, os
sintomas desaparecem, e o paciente,
sentindo-se melhor, muitas vezes
abandona os remédios. Nesse caso,
ampliam-se as chances de a doença
voltar numa forma resistente aos antibióticos utilizados. Nessa hipótese,
é preciso iniciar novo tratamento,
com cinco fármacos e por cerca de
dois anos, a um custo de US$ 250.
A tuberculose, apesar de curável,
permanece uma doença mortal, que
custa a vida a 6.000 brasileiros todos
os anos. É fundamental, portanto,
envidar todos os esforços para reduzir o papelão que vem sendo o combate do país a essa moléstia.
É preciso, por exemplo, aumentar a
taxa de curas, hoje em 72%, para algo
perto de 85%, como preconiza a Organização Mundial da Saúde. O caminho, aqui, é fazer com que agentes de saúde acompanhem de perto o
paciente, certificando-se de que ele
toma os medicamentos corretamente. É necessário, também, diagnosticar mais casos, pois muitos passam
hoje despercebidos.
O segredo é treinar melhor as equipes de saúde. Não é à toa que o primeiro item listado como essencial
no programa da OMS contra a tuberculose é justamente o comprometimento político das autoridades. É
também a explicação mais verossímil para o fracasso do Brasil na luta
contra a tuberculose.
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