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São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 2003

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O CASO DA ALCA

A complexidade da criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) não permite que a proposta seja simplesmente afastada por simplificações como a de que constituiria uma "anexação" de países por parte dos Estados Unidos. Se é verdade que a desproporção entre a economia dos EUA e as demais da região sugere vantagens para o mais forte, estudos também têm demonstrado que há convergência de interesses em diversos setores, com ganhos para todos.
O atual governo, como era previsível, tem assumido uma série de posicionamentos, alguns herdados da gestão anterior, no sentido de conferir à negociação um caráter menos assimétrico. Procura, corretamente, reforçar a posição do país na liderança do Mercosul e trabalha para um acordo entre o bloco regional e a União Européia. Ao mesmo tempo, mantém-se atento aos interesses do Brasil no âmbito da Organização Mundial de Comércio (OMC).
O que se tem, na prática, usando uma imagem do chanceler Celso Amorim, é um processo único que se desenvolve em três tabuleiros -América, Europa e OMC. A agenda desses acordos, no entanto, não é coordenada. Questões fundamentais para os interesses do Brasil na Alca, como os subsídios a produtos agrícolas nos EUA, por exemplo, não poderão avançar, caso não tenham solução na chamada Rodada de Doha da OMC. Para que isso ocorra, no entanto, é indispensável o concurso da União Européia, cujo "timing", por sua vez, sugere um alongamento dos prazos de negociação.
Se é correta a reivindicação brasileira sobre a questão agrícola e se é um fato que as agendas são desencontradas, isso não deve, no entanto, levar o país simplesmente a voltar as costas para o acordo. É preciso que o governo tenha uma avaliação mais acurada das vantagens e desvantagens da proposta e das consequências que podem advir de uma decisão americana de atrair os demais atores através de acordos bilaterais.


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