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FERNANDO RODRIGUES
Ainda os radicais
BRASÍLIA - Que mal há em mostrar um vídeo de 16 anos atrás? Para o PT,
o fato é gravíssimo.
Um deputado, João Fontes (PT-SE),
exibiu na semana passada uma gravação em vídeo de um discurso do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva
em 1987. Havia ali ataques aos hoje
aliados José Sarney (PMDB) e Paulo
Maluf (PP), à TV Globo, aos bancos e
um discurso contraditório com o
atual sobre reforma da Previdência.
Nenhuma novidade.
Para o PT, não. Foi uma traição,
um ataque torpe à figura do presidente da República. O deputado mais
influente da bancada petista no Congresso, professor Luizinho (SP), comparou o fato "ao caso Miriam Cordeiro", da campanha de 1989.
Para quem não se lembra, Cordeiro
apareceu na TV dizendo que Lula
havia sugerido no passado que ela
abortasse uma filha de ambos. Foi
devastador para o então candidato
petista a presidente, depois derrotado
por Fernando Collor.
Não vale a pena elaborar sobre o
exagero das comparações que a cúpula petista faz. O relevante nesse caso dos radicais petistas -que, juntos,
não enchem uma kombi- é que a
direção do PT não vai transigir.
Nas convenções nacionais do PT,
cerca de 30% dos votos são da chamada esquerda do partido. É possível
que dos 93 deputados petistas, cerca
de 30 sejam ou se considerem de esquerda. É curioso, mas compreensível, que só cerca de meia dúzia apareçam na mídia para vociferar contra a
reforma da Previdência.
Quase toda a bancada dos ditos radicais está acomodada com promessas de apoio para as eleições municipais do ano que vem, cargos federais
nos Estados e outras benesses. Alguns
não aceitaram fazer acordo. Por isso,
estão na mídia.
Ao fim do processo, menos de dez
deputados ficarão de fato contra reformar a Previdência. Só uns três ou
quatro se recusarão a votar com o governo -esses deixarão o PT espontaneamente ou serão expulsos.
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