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São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 2003

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VINICIUS TORRES FREIRE

O país dos debates velhos e fúteis

SÃO PAULO - A conversa mais ridícula do final de semana teve como objeto o caso José Dirceu. "Radicais" do PT e outros radicais do miolo-mole davam risinhos de escárnio por Dirceu ter "criticado" a política econômica e ter sido flagrado por microfones abertos para jornalistas quando falava para petistas.
Mas Dirceu disse só isso: o governo ensaia uma recessão a fim de parar a inflação. O óbvio e o sabido por qualquer Ignorantinho de São João de Deus que leia jornais. Não criticou coisa alguma. Por que o país se passa a tanta besteira?
Há coisa de um mês, só se falava de intervenção do BC para barrar a alta do real. O assunto morreu. O dólar deve subir com a queda dos juros, com o aumento do consumo e com um saldo comercial mais recatado no final do ano -ou isso se espera. Saldo comercial excessivo e déficit zero em conta corrente significam baixo consumo interno e pouquíssimo investimento externo.
No momento há uma histeria por causa dos juros, herança ruinosa de FHC e Pedro Malan, tão paparicados por tanto empresário que hoje é campeão dos juros baixos.
Pior, parece que com juros baixos cairá maná do céu e correrão rios de mel nos esgotos a céu aberto deste país sem saneamento. Mas ninguém discute de onde virá o CAPITAL para financiar a alta do PIB, pois setores-chave da economia estão esgotados e precisam de investimento, ora invisíveis, sem o que não haverá crescimento que dure.
Pior ainda, a estratégia do BNDES cheira a cravo-de-defunto, e a Fazenda e o Planejamento se contradizem sobre políticas de desenvolvimento.
Mas alguém discute a sério políticas para construção civil e energia, ora na miséria? Para saneamento e habitação, o que seria política social séria e não essa baboseira natimorta do Fome Zero? Investimentos não aparecem com juros na lua. Mas juro menor não os garantem. O país se afoga no debate dos lobistas do curto prazo, mas não olha um palmo à frente do nariz.


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