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VINICIUS TORRES FREIRE
O país dos debates velhos e fúteis
SÃO PAULO - A conversa mais ridícula do final de semana teve como
objeto o caso José Dirceu. "Radicais"
do PT e outros radicais do miolo-mole davam risinhos de escárnio por
Dirceu ter "criticado" a política econômica e ter sido flagrado por microfones abertos para jornalistas quando falava para petistas.
Mas Dirceu disse só isso: o governo
ensaia uma recessão a fim de parar a
inflação. O óbvio e o sabido por qualquer Ignorantinho de São João de
Deus que leia jornais. Não criticou
coisa alguma. Por que o país se passa
a tanta besteira?
Há coisa de um mês, só se falava de
intervenção do BC para barrar a alta
do real. O assunto morreu. O dólar
deve subir com a queda dos juros,
com o aumento do consumo e com
um saldo comercial mais recatado no
final do ano -ou isso se espera. Saldo comercial excessivo e déficit zero
em conta corrente significam baixo
consumo interno e pouquíssimo investimento externo.
No momento há uma histeria por
causa dos juros, herança ruinosa de
FHC e Pedro Malan, tão paparicados
por tanto empresário que hoje é campeão dos juros baixos.
Pior, parece que com juros baixos
cairá maná do céu e correrão rios de
mel nos esgotos a céu aberto deste
país sem saneamento. Mas ninguém
discute de onde virá o CAPITAL para
financiar a alta do PIB, pois setores-chave da economia estão esgotados e
precisam de investimento, ora invisíveis, sem o que não haverá crescimento que dure.
Pior ainda, a estratégia do BNDES
cheira a cravo-de-defunto, e a Fazenda e o Planejamento se contradizem
sobre políticas de desenvolvimento.
Mas alguém discute a sério políticas
para construção civil e energia, ora
na miséria? Para saneamento e habitação, o que seria política social séria
e não essa baboseira natimorta do
Fome Zero? Investimentos não aparecem com juros na lua. Mas juro
menor não os garantem. O país se
afoga no debate dos lobistas do curto
prazo, mas não olha um palmo à
frente do nariz.
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