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SINAL AMARELO
As importações brasileiras,
pelo segundo mês consecutivo,
cresceram em ritmo mais acelerado
do que as exportações. Embora o volume importado não tenha superado
o exportado, o aumento das compras do exterior foi maior, em termos percentuais, do que o das vendas brasileiras. Esse movimento não
chega a constituir uma surpresa -o
que de fato ultrapassou as expectativas foi o excelente resultado das exportações no início do ano. Tudo indica, como avaliam analistas e o próprio governo, que a aceleração das
importações seja um sinal de reaquecimento da atividade econômica, já
que setores importantes da produção, como o automobilístico e o de
eletroeletrônicos, dependem de
componentes importados.
Paralelamente ao incremento das
importações, vai-se configurando
uma redução das cotações de algumas commodities, cujos preços haviam aumentado de forma expressiva no último ano, puxados pela recuperação da economia internacional e
também por capitais especulativos.
Para o Brasil, merece especial atenção o caso da soja, que, em março,
era negociada na Bolsa de Chicago a
US$ 10,55 por bushel (27,2 quilos) e
fechou ontem a US$ 8,82.
A conquista de elevados saldos comerciais tem sido uma das poucas
boas notícias da economia brasileira.
A capacidade de gerar dólares é fundamental para um país com elevado
grau de endividamento e recorrentes
dificuldades para fechar suas contas
externas. Não há dúvida de que os excelentes resultados obtidos no ano
passado e neste ano vinham sendo
em parte beneficiados pelo fraco desempenho do mercado interno e pela alta do valor das commodities.
O fato de que essas circunstâncias
estejam mudando merece atenção.
As exportações brasileiras têm demonstrado notável dinamismo, mas
permanecem muito dependentes de
produtos primários. Nesse sentido,
as políticas industriais desenhadas
recentemente pelo governo poderiam desempenhar um papel relevante -se de fato houver decisão para implementá-las.
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