São Paulo, quarta-feira, 26 de maio de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Brasil x China
"Estão cobertos de razão os analistas que são mais cautelosos que eufóricos em relação às negociações com a China. Quando a Folha publica na Primeira Página que a prioridade da China no Brasil é investir em portos e ferrovias, deduz-se facilmente quais são suas intenções: facilitar o escoamento da nossa matéria-prima, como ferro e bauxita (minerais não-renováveis), para que eles produzam aço e alumínio, que têm valor agregado. O mesmo aconteceu com nossa exportação de soja em grão. Por que nós não exportamos esses produtos já com todos os seus valores agregados? Do jeito que está, para eles esse vai ser um "negócio da China", mas, para nós, será como nossos avós diziam: é um negócio para inglês ver."
Melchior Moser (Timbó, SC)

 

"Faz um desserviço ao país a Folha ao esquivar-se de informar ao leitor que sua proposta de que o Brasil passe a criticar outros países por violações de direitos humanos constitui ruptura com o direito internacional público e com a tradição diplomática brasileira (já centenária) de não-ingerência em assuntos internos de outros países. É conhecido no direito internacional o princípio "par in parem non habet judicium" (entre iguais -dois Estados soberanos- não há como um julgar o outro'), que fundamenta o disposto sobre soberania nacional na Carta das Nações Unidas, entre outros documentos. Se deseja aproximar-nos da prática anglo-saxã e européia de emitir pareceres sobre outros países, compete à Folha formular a questão de forma clara, pois é ela, e não o governo Lula, que propõe a mudança da política externa brasileira. Ignorar a lei internacional e a tradição brasileira nas reportagens é escamotear o debate."
André Bueno (São Paulo, SP)

 

"Lamentável a posição do governo brasileiro de apoio à China na Comissão de Direitos Humanos da ONU. A China é o país onde mais se aplica a pena de morte no mundo -com execuções sumárias- e onde o Estado mata não só condenados por assassinato mas também ladrões, hackers e criminosos comuns. Humilhantes execuções em massa, com grande audiência pública, são freqüentes. Um governo brasileiro sério teria muita vergonha de dar esse apoio."
Francisco Vitor de Oliveira Junior (São Paulo, SP)

Orçamento
"Ótima notícia a que trata do descontingenciamento de verba do Orçamento ("Governo libera R$ 1,1 bilhão para ministérios", Brasil, pág. A7, 25/5). Quando lemos uma boa notícia assim, fica até difícil acreditar. Não é todo dia que ouvimos falar em excesso de arrecadação e diminuição de corte no Orçamento."
Regina Amábile Baldessar (São Paulo, SP)

Mudanças
"À carta do senhor Décio Luiz Gazzoni ("Painel do Leitor", 24/5) eu acrescentaria as seguintes mudanças: introdução da altivez brasileira perante os EUA ao suspender o visto de um jornalista americano arrogante que pensa que aqui é a casa-da-mãe-joana, ao aplicar o princípio da reciprocidade quanto à identificação de americanos que entram no Brasil, ao não aceitar as imposições draconianas dos EUA na Alca. Outras mudanças importantes: rigoroso cumprimento de acordo com o FMI para reconquistar a credibilidade e atrair investimento externo, incentivo à exportação para aumentar a oferta de empregos e conquista de novos mercados para ampliar exportações e gerar recursos em dólar a fim de deixar o país menos vulnerável."
Priscilla F. da Cunha (São Paulo, SP)

A importância das guerras
"As guerras que estamos presenciando são importantes. Importantes para olharmos mais para o nosso interior, importantes para aprendermos que pequenas rivalidades entre as pessoas também poderiam deixar de existir, importantes para nos deixar explícito até que ponto somos capazes de trilhar caminhos errados, importantes para refletirmos sobre o verdadeiro conceito de paz, importantes para enxergarmos que somos uma única e imensa família, importantes para entendermos a urgente e tão grande necessidade de respeito aos que não são exatamente como achamos que deveriam ser. Enfim, importantes para que percebamos, de uma vez por todas, o quanto deveríamos ser melhores."
Daniel de Almeida Frsina (Bauru, SP)

Empregos
"Na luta contra o desemprego, que neste mês teve a sua marca histórica registrada, e com a viagem de Lula à China, estima-se que cada bilhão de dólares acertado nos contratos com os chineses vá render algo em torno de 70 mil empregos diretos. Não é nada mau para um país que está vivendo uma crise de emprego. Tomara que tudo isso não seja fachada e que esses empregos apareçam mesmo para que tirem do desespero muitos brasileiros."
Jefferson Garcia Nachard Mendonça (Niterói, RJ)

Foto
"O artigo de Josias de Souza sobre a biografia de Lula ("Alcoolismo marca três gerações dos Silva", Brasil, 16/5) certamente interessou a todos. A foto da capa do livro "Lula - O Filho do Brasil", de Denise Paraná, foi clicada por mim em 1994 num encontro do PT. A foto foi feita no momento em que Lula beliscava um político que estava ao seu lado posando nervoso para retratos de campanha. Lula tentava, assim, relaxar o modelo. Lula nem sequer sabia que estava sendo fotografado. Anos depois, essa foto foi escolhida pela artista gráfica Eliana Kestenbaum, que fez a arte da capa do livro. Portanto o presidente não "posou" para a foto da capa da sua biografia, como afirma o ótimo texto de Josias de Souza."
Glória Flügel, fotógrafa (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Josias de Souza - A informação de que Lula posou para a foto da capa de sua biografia foi repassada ao repórter por um assessor do Palácio do Planalto, pessoa que priva da intimidade do presidente há anos.

Tortura
"Que sejam demolidas não as masmorras de Abu Ghraib, mas, sim, as academias e quartéis que formam esse tipo de militar que está lá atualmente. Como em Hiroshima, que se mantenha o prédio para que o sofrido e humilhado povo iraquiano, um dia liberto, não se esqueça das demoníacas ações ali praticadas, quer pela tirania nativa, quer pela invasora em nome da democracia."
Pedro L. Simpson (Brasília, DF)


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