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NOVAS METAS
A decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de elevar
a meta de inflação de 2004 de 3,75%
para 5,5%, com margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais, é um
fato novo no cenário econômico que
poderá contribuir para a adoção de
uma política monetária menos restritiva e, portanto, mais compatível
com o crescimento.
Ao tornar-se menos draconiana, a
nova meta amplia o espaço para o BC
reduzir os juros. O efeito positivo
dessa sinalização sobre o ânimo e as
expectativas dos agentes econômicos poderá ajudar a estancar o clima
de ceticismo e os riscos da recessão
-desde que o BC utilize os novos
parâmetros para efetivamente acentuar a queda dos juros.
Algumas vozes levantaram-se para
criticar a decisão, defendendo maior
rigor na definição das metas de inflação. Segundo esses analistas, o CMN
deveria ter definido metas mais ambiciosas para não caracterizar uma
atitude excessivamente leniente em
relação à inflação.
Por trás dessa opinião está a defesa
de um modelo de metas de inflação
mais "puro", ou seja, da linha que
preponderou até os meses finais da
gestão anterior do BC. No entanto o
próprio Armínio Fraga, ex-presidente da instituição, já havia detectado a
inutilidade de perseguir metas que se
mostram irrealistas sob o risco de
submeter o país a sacrifícios desnecessários. Não se trata, obviamente,
de ser leniente com a inflação. Ela deve ser rigorosamente combatida.
Trata-se, sim, de travar esse combate
olhando para a frente e para os demais aspectos da economia. É compreensível que a política monetária
tenha tido prevalência sobre os demais ramos da política econômica
no início da nova gestão, quando a
inflação mostrava-se efetivamente
ameaçadora. A conjuntura, no entanto, já não é a mesma.
Ao sinalizar uma tendência de flexibilização do modelo de metas de
inflação, o CMN parece reconhecer a
necessidade de adequá-lo às características de uma economia emergente, como a brasileira. A opção é claramente preferível a manter o país submetido a uma camisa-de-força inibidora do crescimento.
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