UOL




São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2003

Próximo Texto | Índice

NOVAS METAS

A decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de elevar a meta de inflação de 2004 de 3,75% para 5,5%, com margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais, é um fato novo no cenário econômico que poderá contribuir para a adoção de uma política monetária menos restritiva e, portanto, mais compatível com o crescimento.
Ao tornar-se menos draconiana, a nova meta amplia o espaço para o BC reduzir os juros. O efeito positivo dessa sinalização sobre o ânimo e as expectativas dos agentes econômicos poderá ajudar a estancar o clima de ceticismo e os riscos da recessão -desde que o BC utilize os novos parâmetros para efetivamente acentuar a queda dos juros.
Algumas vozes levantaram-se para criticar a decisão, defendendo maior rigor na definição das metas de inflação. Segundo esses analistas, o CMN deveria ter definido metas mais ambiciosas para não caracterizar uma atitude excessivamente leniente em relação à inflação.
Por trás dessa opinião está a defesa de um modelo de metas de inflação mais "puro", ou seja, da linha que preponderou até os meses finais da gestão anterior do BC. No entanto o próprio Armínio Fraga, ex-presidente da instituição, já havia detectado a inutilidade de perseguir metas que se mostram irrealistas sob o risco de submeter o país a sacrifícios desnecessários. Não se trata, obviamente, de ser leniente com a inflação. Ela deve ser rigorosamente combatida. Trata-se, sim, de travar esse combate olhando para a frente e para os demais aspectos da economia. É compreensível que a política monetária tenha tido prevalência sobre os demais ramos da política econômica no início da nova gestão, quando a inflação mostrava-se efetivamente ameaçadora. A conjuntura, no entanto, já não é a mesma.
Ao sinalizar uma tendência de flexibilização do modelo de metas de inflação, o CMN parece reconhecer a necessidade de adequá-lo às características de uma economia emergente, como a brasileira. A opção é claramente preferível a manter o país submetido a uma camisa-de-força inibidora do crescimento.


Próximo Texto: Editoriais: SOJA FORA-DA-LEI
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.