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SOJA FORA-DA-LEI
Numa democracia, é perfeitamente legítimo que pessoas
ou grupos com determinado interesse específico pressionem o governo e
a sociedade para ver sua demanda
atendida. Lobbies e campanhas para
tentar influenciar a opinião pública
fazem parte do jogo democrático. O
que é inadmissível é que esses grupos troquem o terreno da discussão e
partam para a política do fato consumado, mesmo que em desafio à lei,
para tentar impor sua posição.
Infelizmente é isso o que estão fazendo agricultores de soja do sul do
país, que seguem plantando sementes transgênicas apesar da proibição
da Justiça. Esta Folha defende a liberação da soja transgênica para o
plantio, mas evidentemente repudia
atitudes tomadas à margem da lei. O
governo deve agir duramente contra
os produtores rebeldes. O que está
em jogo aqui é a própria credibilidade da lei, da Justiça e do Estado. Além
disso, o Planalto precisa cuidar para
que a indefinição quanto à liberação
da soja transgênica seja resolvida de
forma definitiva o quanto antes.
Em termos estritamente técnicos, a
questão dos transgênicos é ainda nebulosa. Teoricamente, eles podem
provocar danos ao meio ambiente e
até complicações desconhecidas para a saúde humana. Não há trabalhos
científicos que comprovem esses
efeitos nem que demonstrem a segurança dos produtos.
A verdade é que a discussão sobre
os transgênicos foi muito mal conduzida. Propositada ou inadvertidamente, misturaram-se considerações técnicas com interesses comerciais inconfessos e divisões ideológicas, o que resultou num nó conceitual que dificilmente será desatado.
Agora é preciso garantir ao consumidor final o direito básico de ser informado sobre as características do
produto que adquire, que deve necessariamente indicar no rótulo a
presença de transgênicos.
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