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São Paulo, sábado, 26 de julho de 2003

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TIMONEIRO DA DESORDEM

O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedro Stédile, voltou a manifestar sua conhecida truculência política em palestra realizada no Rio Grande do Sul para integrantes do MST. Em mais um ataque ao Estado de Direito, o tosco timoneiro da desordem rural proferiu as seguintes palavras: "A luta camponesa abriga hoje 23 milhões de pessoas. Do outro lado há 27 mil fazendeiros. Será que mil perdem para um? É muito difícil. O que nos falta é nos unirmos, para cada mil pegarem um. Não vamos dormir até acabarmos com eles".
Seria difícil demonstração mais elucidativa da orientação política da cúpula dos sem-terra. O que se constata é uma liderança comprometida com a aberrante idéia de que é possível capitanear no Brasil um processo revolucionário de confusa, precária e autoritária inspiração marxista, a partir do enfrentamento entre famílias rurais sem terra e fazendeiros.
Quando minoritários, projetos de poder desse tipo chegam até mesmo a despertar simpatias entre incautos setores da esquerda democrática, uma vez que serviriam como contraponto a situações de injustiça social. Há, no entanto, farta experiência histórica a demonstrar o quanto de totalitarismo e obscurantismo pode-se esperar de sua transformação em efetivo poder de Estado.
O país vive um clima de radicalização no campo que tem colocado em xeque a autoridade do novo governo. Dando sinais de que está atento para o problema, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já havia se comprometido com ruralistas a zelar pelo cumprimento da lei, classificou ontem como "absurdas" as declarações de Stédile.
Contribuíram para agravar a atmosfera de exasperação que envolveu o país nos últimos dias o confronto entre manifestantes do funcionalismo e tropa de choque na Câmara e a declaração de greve de juízes e promotores.
Tal ambiente de extremismos deve ser contido. É preciso que as reivindicações dos diversos setores da sociedade transcorram pacificamente dentro dos limites institucionais.


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