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São Paulo, sábado, 26 de julho de 2003

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Jovens lideranças rurais

Assistimos durante decênios ao drama do êxodo rural para as grandes cidades. É verdade que o fluxo continua. No entanto surgem várias iniciativas de permanência no campo, fruto da criatividade de grupos de jovens rurais. Chama a nossa atenção o empenho dos membros da Pastoral da Juventude Rural, PJR. Optaram esses jovens, nos Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, por iniciar cursos de formação com o nome sugestivo de Escola Filhos da Terra, com quatro etapas em períodos intensivos durante dois anos. Notável nesse projeto é a capacidade organizativa dos próprios jovens que promovem a escola.
Está, assim, realizando-se nestes dias, na cidade de Governador Valadares (MG), a primeira etapa do curso destinado a preparar líderes que possam, na área rural, atuar na construção da sociedade solidária. A intenção principal da iniciativa é despertar a consciência do jovem do campo para a sua dignidade de pessoa, a responsabilidade de cidadão e o compromisso do cristão com os valores evangélicos na busca de fraternidade sem fronteiras à luz da filiação divina.
É preciso abrir espaço para esses rapazes e moças, que vão assumindo ainda mais o seu protagonismo. Dá gosto acompanhar o entusiasmo e a coragem com que se reúnem e cumprem a programação intensa para os dias de encontro em Governador Valadares. Acreditam na própria identidade rural como fator de realização pessoal e de promoção do país.
Nota-se, nesses jovens, o anseio de respeitar a cultura, os valores e a mística da terra, o amor à natureza, o regime de vida sadia e austera de trabalho, a vontade de fortalecer os laços de família e de amizade e de fomentar as organizações locais e a busca de condições dignas de vida no campo, conquistando a plena cidadania.
Há uma forte insistência no engajamento comunitário com metas definidas na perspectiva do desenvolvimento sustentável. Diante das propostas dos rapazes e moças que participam da Pastoral da Juventude Rural e de outros grupos e associações com os mesmos ideais, cabe à sociedade brasileira acolher o justo anseio que manifestam e oferecer o devido apoio e incentivo. Assim, além da urgência de leis adequadas para assegurar o direito à terra, há exigências básicas a serem alcançadas para a permanência no campo.
A primeira é a educação enraizada no próprio ambiente cultural, que habilite os jovens a viver e a trabalhar na terra. Merece especial menção o mérito da Escola Família-Rural, atuante em vários Estados e que salvaguarda em períodos alternativos o comparecimento à escola e a presença no próprio lar.
Segunda exigência básica é o atendimento à saúde, com a criação de hospitais gerais distribuídos pelas microrregiões do interior, de serviços odontológicos e de postos de saúde.
Necessário ainda é o auxílio tecnológico, com orientações para o plantio e para o aumento de produção de leite e de carne. Muito ajuda a série de excelentes programas de televisão voltada para a população rural. Indispensáveis igualmente são as atuais e outras medidas do governo de financiamento aos projetos dos pequenos agricultores que permitam a modernização dos meios produtivos.
Pedimos a Deus que abençoe as iniciativas desses jovens líderes rurais. O apoio a eles concedido reverterá em benefício de todo o país.


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


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