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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Jovens lideranças rurais
Assistimos durante decênios ao
drama do êxodo rural para as
grandes cidades. É verdade que o fluxo continua. No entanto surgem várias iniciativas de permanência no
campo, fruto da criatividade de grupos de jovens rurais. Chama a nossa
atenção o empenho dos membros da
Pastoral da Juventude Rural, PJR. Optaram esses jovens, nos Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, por iniciar cursos de formação com o nome
sugestivo de Escola Filhos da Terra,
com quatro etapas em períodos intensivos durante dois anos. Notável nesse
projeto é a capacidade organizativa
dos próprios jovens que promovem a
escola.
Está, assim, realizando-se nestes
dias, na cidade de Governador Valadares (MG), a primeira etapa do curso
destinado a preparar líderes que possam, na área rural, atuar na construção da sociedade solidária. A intenção
principal da iniciativa é despertar a
consciência do jovem do campo para
a sua dignidade de pessoa, a responsabilidade de cidadão e o compromisso
do cristão com os valores evangélicos
na busca de fraternidade sem fronteiras à luz da filiação divina.
É preciso abrir espaço para esses rapazes e moças, que vão assumindo
ainda mais o seu protagonismo. Dá
gosto acompanhar o entusiasmo e a
coragem com que se reúnem e cumprem a programação intensa para os
dias de encontro em Governador Valadares. Acreditam na própria identidade rural como fator de realização
pessoal e de promoção do país.
Nota-se, nesses jovens, o anseio de
respeitar a cultura, os valores e a mística da terra, o amor à natureza, o regime de vida sadia e austera de trabalho,
a vontade de fortalecer os laços de família e de amizade e de fomentar as
organizações locais e a busca de condições dignas de vida no campo, conquistando a plena cidadania.
Há uma forte insistência no engajamento comunitário com metas definidas na perspectiva do desenvolvimento sustentável. Diante das propostas
dos rapazes e moças que participam
da Pastoral da Juventude Rural e de
outros grupos e associações com os
mesmos ideais, cabe à sociedade brasileira acolher o justo anseio que manifestam e oferecer o devido apoio e
incentivo. Assim, além da urgência de
leis adequadas para assegurar o direito à terra, há exigências básicas a serem alcançadas para a permanência
no campo.
A primeira é a educação enraizada
no próprio ambiente cultural, que habilite os jovens a viver e a trabalhar na
terra. Merece especial menção o mérito da Escola Família-Rural, atuante
em vários Estados e que salvaguarda
em períodos alternativos o comparecimento à escola e a presença no próprio lar.
Segunda exigência básica é o atendimento à saúde, com a criação de hospitais gerais distribuídos pelas microrregiões do interior, de serviços odontológicos e de postos de saúde.
Necessário ainda é o auxílio tecnológico, com orientações para o plantio e
para o aumento de produção de leite e
de carne. Muito ajuda a série de excelentes programas de televisão voltada
para a população rural. Indispensáveis igualmente são as atuais e outras
medidas do governo de financiamento aos projetos dos pequenos agricultores que permitam a modernização
dos meios produtivos.
Pedimos a Deus que abençoe as iniciativas desses jovens líderes rurais. O
apoio a eles concedido reverterá em
benefício de todo o país.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
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