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CLÓVIS ROSSI
Os distraídos
SÃO PAULO - Primeiro foi José Dirceu, o chefe da Casa Civil. Conviveu
durante 13 anos com Waldomiro Diniz, chegou a morar com ele, mas não
percebeu absolutamente nada de, digamos, irregular no amigo. Tanto estava distraído que, na primeira oportunidade, levou-o para coabitar no
Palácio do Planalto, incumbido, ainda por cima, das negociações com
parlamentares, território pantanoso
como poucos.
Depois foi o ministro da Saúde,
Humberto Costa, que trabalhou durante anos com Luiz Cláudio Gomes
da Silva, confiou-lhe o cuidado das finanças em Pernambuco, chamou-o
para o ministério em Brasília -e
não notou nada, apesar de ele próprio ter feito a denúncia que acabaria por levar seu auxiliar de confiança à prisão no bojo da chamada Operação Vampiro.
Em seguida foi o próprio presidente
da República, que conviveu durante
quatro campanhas presidenciais com
Francisco Baltazar da Silva, chefe de
sua segurança. Gostou tanto que forçou sua nomeação para a chefia da
Polícia Federal em São Paulo. Vê-se
agora constrangido a aceitar o pedido de demissão "por motivos pessoais", depois de uma seqüência de
suspeitas sobre o policial.
Êta gente distraída, não?
Acabam dando motivos para que o
senador Tasso Jereissati (PSDB-CE)
fique com a pulga atrás da orelha
com Delúbio Soares, arrecadador-chefe do PT, e se precipite em suposições sobre o comportamento que
Soares adotará caso seja aprovado o
projeto que cria as PPPs (Parcerias
Público-Privadas).
Ainda mais que o arrecadador-chefe já ajudou o partido a levantar uma
bela grana do Banco do Brasil no episódio da compra de ingressos para
um show em favor do PT.
Se caciques tão importantes do partido como Dirceu, Humberto Costa e
o próprio Lula não perceberam nada
sobre personagens que com eles conviveram tanto tempo, quantos outros
não podem andar por aí nas mesmas
condições?
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