São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004

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ELIANE CANTANHÊDE

A oposição tiririca

BRASÍLIA - Como mais velho parlamentar presente, Delfim Netto assumiu ontem a presidência da sessão de uma comissão do Congresso com um único objetivo: encerrá-la. A comissão visa ouvir o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Conferindo datas rapidamente, o deputado Félix Mendonça descobriu que é três meses mais velho do que Delfim. Em condições, portanto, de reabrir a sessão e forçar a ida de Meirelles ao Congresso.
O "abre e fecha" foi um joguinho governo-oposição. Porque Delfim, do PP, dá sempre uma mão para o governo, enquanto Mendonça, do PFL, marcha com a oposição.
No gabinete exatamente abaixo, o próprio presidente do PFL, Jorge Bornhausen, fazia uma comparação: nos tempos de FHC, Armínio Fraga presidia o BC e foi depor no Congresso; Mendonça de Barros era ministro e também foi; Eduardo Jorge Caldas Pereira foi longamente ouvido. Mas, no governo Lula, os presidentes do BC e do Banco do Brasil (Cássio Casseb) não têm que prestar esclarecimento nenhum ao Congresso. "O Lula impede a legítima fiscalização da oposição", reclamou.
Bornhausen aproveitou para lembrar que o governo evitou a CPI dos Bingos e, com isso, impossibilitou a quebra do sigilo telefônico de Waldomiro Diniz, o braço-direito do chefe da Casa Civil flagrado em negociações heterodoxas com um bicheiro. "Isso [quebra de sigilo] deixaria um rastilho enorme", disse o pefelista.
Ele também dá razão às críticas do tucano Tasso Jereissati às PPP (Parcerias Público-Privadas). Segundo eles, o projeto fere a Lei de Responsabilidade Fiscal e enterra a Lei de Licitações, facilitando a corrupção.
E a economia, não está em plena recuperação?
Diz Bornhausen: "Estão maximizando resultados medíocres para massificar pela publicidade, até com pronunciamentos ilegais do Lula pela TV em época eleitoral. Mas nem por isso vão ganhar nas capitais".
A ver.


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