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KENNETH MAXWELL
Opostos
Os investidores em fundos
mútuos dos EUA estão fugindo dos mercados de ações em
número recorde. Caso o ritmo
de fuga persista pelo restante
do ano, o número de investidores perdidos pelos fundos
mútuos será superior ao de
qualquer ano desde a década
de 80, excetuado 2008, pico
da crise financeira mundial.
Os investidores, ao que parece, simplesmente perderam
a fé nas ações, mais ou menos
como perderam a fé nos valores de suas casas e em suas expectativas de estabilidade no
emprego.
Diante de mercados voláteis, aqueles que podem agora
estão optando por investir em
fundos mútuos de títulos,
mais seguros, que registraram
investimentos da ordem de
US$ 185 bilhões nos sete primeiros meses do ano. O contraste com o Brasil não poderia ser maior.
Os pequenos investidores
agora são maioria na Bolsa de
Valores de São Paulo, e a
BM&F-Bovespa quer elevar o
número de pequenos investidores dos atuais 598 mil para 5
milhões até 2014. Os brasileiros continuam convencidos
de que se beneficiarão disso
em meio ao crescimento da economia.
As eleições do final do ano
são outra frente na qual as percepções são muito diferentes
no Brasil e nos EUA.
O eleitorado norte-americano está frustrado e furioso. O
desemprego continua estacionado acima dos 10%. A política econômica, a despeito de
imensos gastos de estímulo,
obteve sucesso muito limitado, especialmente no que tange a melhorar a vida cotidiana
dos cidadãos.
Os republicanos estão tentando tirar vantagem dessa
decepção generalizada, assim como os ruidosos populistas do movimento "Tea Party".
Mas a realidade é que o quadro é muito mais turvo.
Muitos dos congressistas republicanos são ainda mais impopulares que seus colegas
democratas. Ninguém está confiante de que qualquer coisa venha a melhorar, pelo menos não logo.
A situação do Brasil é notavelmente diferente. Não só a
economia brasileira está crescendo como o mesmo pode ser
dito sobre a sua classe média,
e as vidas de muitos brasileiros, especialmente no Nordeste, melhoraram bastante. Os
brasileiros, em contraste com
o clima péssimo que predomina entre muitos norte-americanos, estão confiantes e otimistas quanto ao futuro.
Em lugar de perder popularidade, como aconteceu com
Barack Obama, o presidente
Lula obteve grande sucesso ao
transferir sua popularidade
pessoal à candidata que escolheu para sucedê-lo. Como
consequência, Dilma está perto de conquistar a maioria necessária para se eleger presidente já no primeiro turno.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI.
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