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INCERTEZA CAMBIAL
Alguns investidores e analistas
de bancos estrangeiros avaliam
que uma eventual vitória do candidato do PT à Presidência ainda não estaria embutida na cotação da moeda
brasileira. Outros defendem que o
dólar subiu além de qualquer patamar razoável e que uma vitória de Lula já estaria precificada. Nessa perspectiva, as cotações tenderiam a ceder após as eleições.
Para os primeiros, a desvalorização
recente do real decorreu mais de fatores conjunturais do que políticos.
Houve pressões dos investidores para elevar a cotação do dólar no final
do mês a fim de garantir bons resultados patrimoniais com o vencimento de títulos públicos com correção
cambial, bem como de contratos negociados na Bolsa de Mercadorias &
Futuros (BM&F). Assim, desvalorizações adicionais deveriam ocorrer
nas próximas semanas.
Com o objetivo de obter ganhos de
curto prazo, os investidores podem,
sim, armar um ataque especulativo
de grande proporções contra a moeda brasileira dadas as interligações
do sistema financeiro local com o internacional. Especula-se inclusive
que o dólar poderia atingir a cotação
de até R$ 5, ensejando aquilo que os
economistas chamam de "profecia
auto-realizável".
A flutuação do dólar em torno de
R$ 3 pode permitir a manutenção
dos superávits na balança comercial,
a redução da taxa de juros e a retomada do crescimento, possibilitando a
queda da relação dívida/PIB. Porém o
aprofundamento das turbulências financeiras, com uma valorização do
dólar para R$ 4 ou R$ 5, pode levar à
insolvência dos pagamentos externos por absoluta impossibilidade de
acesso ao mercado internacional de
crédito, à explosão da dívida pública
doméstica indexada ao câmbio e à falência de empresas endividadas em
dólar. Isso não interessa a ninguém.
A transição política faz parte das regras de um regime democrático. Cabe à sociedade exigir políticas que
garantam a estabilidade econômica.
Nesse sentido, reduzir a elevada dependência do fluxo de capital externo
deveria ser uma tarefa imprescindível
de qualquer candidato que vença as
próximas eleições.
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