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O DOSSIÊ DE BLAIR
O dossiê contra o Iraque divulgado pelo primeiro-ministro
britânico, Tony Blair, reafirma o que
se sabia, que o ditador Saddam Hussein possui armas químicas e biológicas em seus arsenais e que se esforça para fabricar um artefato nuclear.
O documento também lembra que
Saddam Hussein não hesita em utilizar armas de destruição em massa.
Em março de 1988, ele lançou ataques químicos contra seus próprios
conterrâneos curdo iraquianos, num
episódio que ficou conhecido como
o massacre de Halabja, que deixou
cerca de 5.000 civis mortos.
O dossiê britânico não deixa de
mencionar que Saddam também é
um assassino frio e metódico, que
subiu na hierarquia do partido Baath
matando correligionários e que
mantém, desde que ascendeu ao poder, um dos regimes repressivos
mais sanguinários de todo o Oriente
Médio. Só sua campanha contra os
curdos resultou na morte ou no desaparecimento de 100 mil opositores, segundo a Anistia Internacional.
O relatório, mesmo sem trazer
grandes novidades, impressiona. A
questão é que nenhum dos países
europeus -e mesmo árabes- que
se opõem à guerra contra o Iraque
defende Saddam Hussein. Boa parte
deles gostaria de ver o ditador deposto. A crítica à posição dos EUA e do
Reino Unido diz respeito principalmente ao caráter de urgência que esses dois países procuram dar ao desarmamento de Saddam.
E, de fato, parece pouco provável
que a atual posição do Iraque justifique uma guerra. Saddam por certo é
uma ameaça à segurança mundial,
mas não é uma ameaça maior do que
era há 11 anos, quando Bush pai fez a
Guerra do Golfo e desistiu de derrubá-lo, ou do que era há 14 anos,
quando a administração Reagan o
apoiava material e logisticamente.
O que o dossiê de Blair prova é a necessidade de a ONU enviar ao Iraque
inspetores que, encontrando armas
de destruição em massa, as inutilizem -exigência com a qual Saddam
Hussein já concordou.
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