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O BIRD E A DESIGUALDADE
A mais recente pesquisa do
Bird (Banco Mundial) sobre o
desenvolvimento social no planeta
deve servir de alerta às autoridades
brasileiras e internacionais. Segundo
o documento, não só o Brasil está entre os países com os maiores níveis
de desigualdade socioeconômica como é apontada a insuficiência de
programas assistencialistas -como
o Bolsa-Família e o Fome Zero- no
combate à pobreza.
A principal conclusão do estudo é a
de que, para minimizar a pobreza,
seria fundamental a implementação
de políticas para garantir a "eqüidade", entendida pelos autores do relatório como igualdade de oportunidades para todos os cidadãos. Nesse
sentido, não bastaria colocar em
marcha medidas que visam apenas
ao crescimento econômico -quase
que o único foco do Brasil nos últimos anos.
Igualmente indispensáveis seriam
medidas que garantissem a ampliação do acesso da população mais pobre à saúde e à educação, ao emprego, ao capital e aos direitos de propriedade da terra, além de aumentar
sua participação nas decisões políticas. Nos termos do próprio documento, esse seria o remédio para escapar da "armadilha da desigualdade" -situação em que a elite se conserva no poder, por meio da criação
de mecanismos que excluem o restante da sociedade.
Investimentos em educação pública de qualidade, por exemplo, desempenham um papel essencial no
combate a esse mal. Casos de países
como a Coréia do Sul, que atacaram
maciçamente nessa área, com resultados extremamente positivos, são
evidências disso.
Lamentavelmente, nada indica que
ações nesse sentido serão efetuadas
no Brasil em curto prazo. O mesmo
pode-se dizer de ao menos dois outros remédios sugeridos pelo banco:
a admissão de um maior contingente
de imigrantes de nações pobres nos
países desenvolvidos e o fim dos subsídios agrícolas. Medidas como essas têm sido sistematicamente repudiadas pelas nações ricas e dificilmente serão postas em prática.
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