São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 2005

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O BIRD E A DESIGUALDADE

A mais recente pesquisa do Bird (Banco Mundial) sobre o desenvolvimento social no planeta deve servir de alerta às autoridades brasileiras e internacionais. Segundo o documento, não só o Brasil está entre os países com os maiores níveis de desigualdade socioeconômica como é apontada a insuficiência de programas assistencialistas -como o Bolsa-Família e o Fome Zero- no combate à pobreza.
A principal conclusão do estudo é a de que, para minimizar a pobreza, seria fundamental a implementação de políticas para garantir a "eqüidade", entendida pelos autores do relatório como igualdade de oportunidades para todos os cidadãos. Nesse sentido, não bastaria colocar em marcha medidas que visam apenas ao crescimento econômico -quase que o único foco do Brasil nos últimos anos.
Igualmente indispensáveis seriam medidas que garantissem a ampliação do acesso da população mais pobre à saúde e à educação, ao emprego, ao capital e aos direitos de propriedade da terra, além de aumentar sua participação nas decisões políticas. Nos termos do próprio documento, esse seria o remédio para escapar da "armadilha da desigualdade" -situação em que a elite se conserva no poder, por meio da criação de mecanismos que excluem o restante da sociedade.
Investimentos em educação pública de qualidade, por exemplo, desempenham um papel essencial no combate a esse mal. Casos de países como a Coréia do Sul, que atacaram maciçamente nessa área, com resultados extremamente positivos, são evidências disso.
Lamentavelmente, nada indica que ações nesse sentido serão efetuadas no Brasil em curto prazo. O mesmo pode-se dizer de ao menos dois outros remédios sugeridos pelo banco: a admissão de um maior contingente de imigrantes de nações pobres nos países desenvolvidos e o fim dos subsídios agrícolas. Medidas como essas têm sido sistematicamente repudiadas pelas nações ricas e dificilmente serão postas em prática.


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