São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 2005

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PAINEL DO LEITOR

José Dirceu
"Na entrevista publicada pela Folha, em 25/9, José Dirceu apresenta a sua versão dos fatos ocorridos, a ser utilizada na sua defesa no processo de cassação que vem enfrentado. Embora o deputado tente desesperadamente, não consegue obviamente explicar o que não tem explicação: ao ser perguntado, diretamente: "De onde o PT ia tirar esse dinheiro?", foge à resposta e tergiversa: "Em tese o PT não tem como pagar esses empréstimos, por isso está falando que não assume. Mas na verdade esses recursos foram repassados para o PT, e por ordem do Delúbio Soares, para pagamentos". Ou seja: não responde à pergunta e continua com sua argumentação de que os recursos que abasteceram o "valerioduto" são frutos tão-somente de um empréstimo bancário, feito a fundo perdido para um partido que comprovadamente não tem os recursos necessários para quitá-lo. Se o deputado realmente tem interesse em defender o seu nome em meio à opinião pública, seria aconselhável encontrar uma linha de defesa que não ofendesse a inteligência dos leitores.
Pedro Luiz Amaral de Almeida (Rio de Janeiro, RJ)

 

"A entrevista de José Dirceu à Folha, habilmente conduzida por Mônica Bergamo, traça com nitidez o perfil daquele político: um autista de quatro costados, dotado de uma autoconfiança e auto-suficiência francamente megalomaníacas. Seu discurso gira em torno desta frase: "Eu me defendo sozinho". Quem se defende sozinho em meio à tempestade de acusações que o envolve, também decide sozinho, comanda sozinho. "Parece que eu fui presidente do PT sete anos sozinho, secretário-geral cinco anos sozinho, né?". E não foi mesmo? Claro que outras pessoas participavam da construção da estratégia do PT, mas em caráter consultivo. O poder de decisão estava sempre com o chefe, com Zé Dirceu. "Querem me cassar porque eu sou eu...". Não se trata de satanizar o entrevistado por crimes de que não há provas. Mas de responsabilizá-lo pela cadeia de erros que perverteram o programa de governo do PT em projeto de poder pelo poder. Crime talvez não cometesse, Dirceu parece homem honrado. Mas é culpado de erros de cálculo, do maquiavelismo mal dirigido que provocou a derrocada do governo e do PT. Porque seu ego foi sempre maior do que o seu discernimento e do que sua cautela."
Gilberto de Mello Kujawski (São Paulo, SP)

 

"Eu acredito no José Dirceu e sou solidário com ele. Deputado, erga a cabeça e siga em frente. A sua nota é pelo menos oito. Concordo que o governo Lula deveria ter investido mais no social e se unido ao PMDB. Sem o PT, a minha vida teria sido bem mais triste e sofrida. Obrigado, companheiro e companheiros (as)."
Mário Rudolf (São Paulo, SP)

Cruz no tribunal
"Registro meus elogios e apoio ao juiz Roberto Arriada Lorea, que pretende a retirada de símbolos religiosos dos tribunais ("Tendências/Debates", 24/9). O Estado é laico e as instalações públicas não podem servir para manifestações desta ou daquela religião, seita ou crença. Ao contrário do que diz o desembargador Renato Nalini, é, sim, preciso ser crente para ver na cruz o conjunto de valores positivos que enumera. Caso contrário, poder-se-á ver conjunto de valores altamente negativos, como obscurantismo, intolerância (Inquisição), guerras (Cruzadas) etc."
Ricardo Peake Braga (São Paulo, SP)

Ação da prefeitura
"A vedação realizada no complexo das avenidas Paulista e Doutor Arnaldo de forma nenhuma tem caráter higienista ou busca expulsar mendigos da região como afirma insistentemente o padre Júlio Lancellotti (aliás, como ele sempre se manifesta sobre qualquer ação, obra ou medida da prefeitura), mas visa atender a pedidos de aumento de segurança no local. A Prefeitura de São Paulo não exclui, mas inclui. A área, como é público e notório, servia para acoitar delinqüentes que se misturavam a pessoas que eventualmente moravam ali, também elas vítimas da ação criminosa. A cidade dispõe de abrigos que podem receber, em condições certamente mais humanas e dignas, aqueles que hoje se encontram em situação de rua. A atual administração foge de uma concepção distorcida da ação social que busca transformar os menos afortunados em clientela de uma caridade que resulta anticristã porque torna os pobres cativos, em vez de libertá-los. A prefeitura continuará a abrigar, nos locais a tanto destinados, as pessoas que não tiverem moradia. É nosso dever. E continuará, igualmente, a agir para que o espaço público não seja privatizado por qualquer pessoa ou por entidades que buscam impor sua visão parcial da realidade a despeito da lei. O direito de ir e vir a todos assiste, inclusive àqueles que eventualmente não são clientes dos donos de verdades fabricadas com mentiras. O paulistano fique certo: no que depender da atual administração, São Paulo será uma cidade mais humana e mais segura. Finalmente, a propósito do editorial "Piso Antimendigo" publicado sábado, repudio a afirmação "na explicação de motivos que a prefeitura fez à reportagem da Folha, não se nota nenhuma preocupação que transcenda a idéia de afastar dália pobreza, tratada como classe "perigosa". Não é verdade, já que os menos favorecidos têm recebido toda a atenção da prefeitura, aliás, como qualquer cidadão da cidade de São Paulo."
Andrea Matarazzo, secretário de Serviços e Subprefeito da Sé (São Paulo, SP)

 

"As rampas contra mendigos se constituem em uma das mais preconceituosas e desastradas atitude de um homem público. Esperamos que o prefeito Serra se redima deste ato falho lamentável."
Marcos Barbosa (Casa Branca, SP)

Punição necessária
"A Folha mostra que notas e recibos agora surgem nas mãos de deputados ameaçados de cassação (Brasil, 25/9). Serão instrumentos em sua defesa, provas que conseguem para se mostrarem éticos e se declararem isentos de qualquer prática de corrupção. Aos olhos do mais inocente dos brasileiros estava claro que esse rio de lama, que nasce do "valerioduto" e avança sobre Brasília, chegaria ao "estuário" das notas frias e recibos ajeitados para salvar mandatos. Para evitar que a lama se petrifique, só resta agora uma solução: punir, por conta de crime contra a ordem tributária, quem emite tais notas e assina tais recibos."
Simão Pedro Marinho (Belo Horizonte, MG)

Sem lição
"Sabe aquele filho que apanha da mãe porque fez algo errado e mal ela sai da sala, faz de novo? Pois bem, assim são nossos políticos. Em vez de aprenderem com todos esses escândalos que envergonham o país e escolherem, de comum acordo, um candidato único, de consenso para a presidência da Câmara, já começaram com conchavos e uniões interesseiras. O Congresso perde a chance de dar uma lição de civilidade. E nós, cidadãos comuns, não conseguimos ver nem o túnel mais, que dirá a luz."
Wagner Callegari (Limeira, SP)

Máfia do apito
"O esporte é o refúgio dos brasileiros às mazelas do país, cujo povo está acostumado a ser lesado pelos políticos e tem isso como situação cultural e inevitável. O escândalo do apito é uma cruel ofensa à maior paixão de milhões de brasileiros que, como eu, têm o futebol como único orgulho nacional. Ainda mais triste é ver que o principal árbitro envolvido no escândalo ostenta em seu uniforme o slogan da Fifa: "Meu jogo é honesto" e pede ajuda divina para ter sucesso em suas falcatruas."
Luciano Bottura Russo (São Paulo, SP)

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