São Paulo, sexta-feira, 26 de outubro de 2007

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PAINEL DO LEITOR

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Caixa
"A Folha pratica um jornalismo parcial e irresponsável ao citar a Caixa Econômica Federal na reportagem de capa de 24/10, que trata do chamado caso Cisco ("PF vai investigar ligação entre PT e Cisco').
O texto afirma que "a CEF não se manifestou", o que é mentira.
Esclareçamos os fatos: a assessoria de imprensa da Caixa foi procurada na manhã de 23/10, pelo repórter Humberto Medina, para comentar o caso Cisco. O repórter foi instado a enviar suas perguntas por e-mail. Até o final da noite, no entanto, os questionamentos não haviam sido enviados. Na parte da tarde, outra repórter da Folha, Cristiane, ligou pedindo informações genéricas sobre contratos da Caixa com a Cisco. Foi informada de que o assunto estava sendo aguardado por esta assessoria de imprensa, que daria um posicionamento da Caixa assim que recebesse as perguntas por escrito, solicitadas pelo jornalista Humberto.
Em nenhum momento os repórteres citaram qualquer suposta gravação envolvendo o nome da Caixa. A omissão da alegada gravação (que sustenta a reportagem) nos questionamentos verbais à Caixa demonstra má-fé da reportagem, fere as normas do bom jornalismo e o "Manual da Redação" da própria Folha.
Estranhamente, nenhum desses dois repórteres assina o texto, e sim duas outras jornalistas, que não procuraram esta assessoria.
A Caixa não possui nenhum contrato com a Cisco. Todos os equipamentos fabricados pela referida empresa foram adquiridos em licitações públicas, em que se assegura integral publicidade e transparência. Os vencedores dos últimos pregões, de 2000 a 2007, nos quais estão incluídos produtos da empresa em questão, foram as empresas Damovo, Conecta, CPM, Telefônica, Medidata e IBM.
A Caixa considera lamentável a divulgação irresponsável de ilações descabidas ao citar nomes de seus dirigentes, no intuito de esquentar a reportagem. A propósito, o próprio jornal afirma inexistir investigação específica por parte da Polícia
Federal. O que o jornal aponta é a existência de conversa telefônica entre terceiros, alheios aos quadros da Caixa."
GABRIEL DE BARROS NOGUEIRA, assessor de imprensa da Caixa Econômica Federal (Brasília, DF)

Resposta das jornalistas Lilian Christofoletti e Andréa Michael - O repórter Humberto Medina não participou desta apuração. Quem telefonou não foi Cristiane, mas Lilian. O e-mail com as questões foi enviado à Caixa às 12h46 de sexta-feira, dia 19, cinco dias antes da publicação da reportagem. Na terça-feira, a Folha procurou Fábio, assessor da Caixa, a quem informou sobre a gravação. O banco não se manifestou em nenhum momento. A referência ao pagamento consta em escuta telefônica feita pela PF, que informou que irá investigar o caso

Violência e aborto
"Coitado do governador Sérgio Cabral. Só por ter dito uma verdade incontestável será agora execrado pela mídia, por sociólogos e por defensores dos "pobres e oprimidos". Cidadãos influentes não podem mais dizer o que pensam neste país. Aposto que amanhã aparecerá nos jornais a sua "retratação"."
CYNTHIA TALIBERTI (São Paulo, SP)

"O governador Sérgio Cabral diz que a legalização do aborto pode ajudar a conter a violência, já que as mães carentes e pobres estão "produzindo" marginais. Vejo dois grandes erros nessa infeliz declaração. Primeiro, o impiedoso preconceito com os pobres, como se eles fossem culpados por todos os problemas de criminalidade que o Rio enfrenta. Segundo, parece que, na visão do governador, os ricos não "produzem" filhos marginais. Quantos casos temos visto de jovens que matam os pais, queimam índios, atropelam pessoas e destroem carros de luxo? São de que classe?
Esse tipo de declaração parece ser aquela velha fórmula de desviar o foco (no caso aqui, a responsabilidade), quando, na verdade, sabemos que o problema da violência só será resolvido com educação, trabalho e lições de cidadania, tarefa essa de responsabilidade do Estado.
Que o governador não venha amanhã nos dizendo que "foi mal interpretado"."
KATY MARY DE FARIAS (Curitiba, PR)

Sindicalismo
"A CUT é e sempre foi contra o imposto sindical, posição traduzida em resoluções e em prática, sendo que importantes sindicatos filiados já conquistaram há vários anos, na Justiça, a abolição de sua cobrança.
É curioso saber que a Folha, como mostra o editorial "Trama fracassada" (24/10), passou a defender a reforma sindical. Por esta reforma lutamos no Fórum Nacional do Trabalho. Sugerimos a leitura do projeto PEC 369 e de seu anteprojeto. Nele, como fruto de consenso entre todas as centrais, empresários e governo, foram estabelecidas regras de transição para o fim do imposto e rumo à contribuição negocial. Esta só será paga após a realização de campanhas salariais e só se os trabalhadores decidirem em assembléia. As regras de transição prevêem, além do período de adaptação, critérios de representatividade real para as entidades.
O projeto da reforma está parado no Congresso. Seguiu-se então a iniciativa de reconhecimento legal das centrais. Novamente elas debateram e chegaram a um acordo com o governo que prevê, entre outras, a elaboração de uma alternativa de sustentação financeira. Portanto o acordo que agora defendemos tem o mesmo espírito dos debates que construímos em conjunto nos últimos anos: abolição do imposto, com regras de transição.
O fim súbito do imposto, sem alternativa de sustentação, como querem alguns deputados, fere o acordo e o processo democrático que não só a CUT mas outras entidades vêm elaborando. Oportunismo que tem o objetivo de tentar sufocar o movimento sindical de trabalhadores.
Há outro ataque inaceitável. Somos favoráveis à liberdade e autonomia, e não aceitamos nenhuma ingerência do Estado, como a que coloca o TCU no papel de fiscalizar as entidades sindicais. Para nós, quem tem de investigar a transparência e a prestação de contas são os próprios trabalhadores, exigindo-as dos sindicatos."
ARTUR HENRIQUE, presidente nacional da CUT, e DENISE MOTTA DAU, secretária nacional de Organização Sindical da CUT (São Paulo, SP)

Nota da Redação - A CUT demonstra desconhecer a posição tradicional da Folha a favor de reformas que modernizem e liberalizem o sindicalismo. A citada "proposta alternativa de sustentação financeira" é eufemismo. O que a central deseja é tomar posse de uma parcela do imposto sindical. Se fosse contra o gravame, a CUT não estaria pressionando o Senado a derrubar a emenda que pretende acabar com esse anacronismo.

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