São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2010

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ELIANE CANTANHÊDE

O pós-31 de outubro

BRASÍLIA - A foto de Daniel Marenco na capa da Folha de ontem mostra um eleitor de Serra com a mão no ombro de um apoiador de Dilma, os dois andando lado a lado, adversários, não inimigos. Discordar não é odiar. Ninguém jogou rolo de fita adesiva nem balão de água na cabeça de ninguém.
A expectativa é de vitória de Dilma, mas não como Lula, o PT e nós da imprensa alardeamos no primeiro turno. Os 134 milhões de eleitores se dividiram e, ganhe Dilma ou Serra, terá que ouvir as pressões e reivindicações dos cidadãos que ficaram do outro lado. O eleito não será presidente de metade do país, mas de todos os brasileiros.
Se der Dilma, ela terá maioria no Congresso, mas estará sujeita aos caprichos do guloso PMDB e do emergente PSB e obrigada a conviver com os governadores tucanos de São Paulo e de Minas, Estados com 62 milhões de habitantes.
Se for Serra, ele terá Alckmin e Anastasia e apoio no Sul e Sudeste, mas terá de fazer muita estrepolia para atrair a simpatia do Nordeste e as graças do PMDB para reequilibrar o Congresso.
Dilma ou Serra, não importa, saberá governar, cuidar da economia, aprofundar os programas sociais e de inclusão. Ela tende a ter menos traquejo na área externa do que ele, mas nem um nem outro estará confortável no papel de comandante-em-chefe das Forças Armadas.
Um dos problemas de Dilma e de Serra será, curiosamente, o mesmo: o exército petista encastelado por toda a máquina pública. O risco de Dilma é não ter controle sobre essa turma. O de Serra é a guerra de dossiês contra o seu governo.
Após dois anos em campanha, Lula deverá descer do palanque para voltar ao seu gabinete e às suas responsabilidades de presidente nos dois meses finais de seu governo, limpando o caminho para o sucessor ou sucessora e se preparando para desencarnar. A não ser que queira virar um fantasma para asfixiar Dilma ou aterrorizar Serra.

elianec@uol.com.br


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