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ELIANE CANTANHÊDE
O pós-31 de outubro
BRASÍLIA - A foto de Daniel Marenco na capa da Folha de ontem mostra um eleitor de Serra com a mão
no ombro de um apoiador de Dilma, os dois andando lado a lado,
adversários, não inimigos. Discordar não é odiar. Ninguém jogou rolo de fita adesiva nem balão de
água na cabeça de ninguém.
A expectativa é de vitória de Dilma, mas não como Lula, o PT e nós
da imprensa alardeamos no primeiro turno. Os 134 milhões de eleitores se dividiram e, ganhe Dilma ou
Serra, terá que ouvir as pressões e
reivindicações dos cidadãos que ficaram do outro lado. O eleito não
será presidente de metade do país,
mas de todos os brasileiros.
Se der Dilma, ela terá maioria no
Congresso, mas estará sujeita aos
caprichos do guloso PMDB e do
emergente PSB e obrigada a conviver com os governadores tucanos
de São Paulo e de Minas, Estados
com 62 milhões de habitantes.
Se for Serra, ele terá Alckmin e
Anastasia e apoio no Sul e Sudeste,
mas terá de fazer muita estrepolia
para atrair a simpatia do Nordeste e
as graças do PMDB para reequilibrar o Congresso.
Dilma ou Serra, não importa, saberá governar, cuidar da economia,
aprofundar os programas sociais e
de inclusão. Ela tende a ter menos
traquejo na área externa do que ele,
mas nem um nem outro estará confortável no papel de comandante-em-chefe das Forças Armadas.
Um dos problemas de Dilma e de
Serra será, curiosamente, o mesmo:
o exército petista encastelado por
toda a máquina pública. O risco de
Dilma é não ter controle sobre essa
turma. O de Serra é a guerra de dossiês contra o seu governo.
Após dois anos em campanha,
Lula deverá descer do palanque para voltar ao seu gabinete e às suas
responsabilidades de presidente
nos dois meses finais de seu governo, limpando o caminho para o sucessor ou sucessora e se preparando para desencarnar. A não ser que
queira virar um fantasma para asfixiar Dilma ou aterrorizar Serra.
elianec@uol.com.br
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