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TRANSGÊNICOS E A FOME
Os EUA acenaram com a possibilidade de auxiliar o PT no
programa Fome Zero. Por trás da iniciativa, há um lobby de multinacionais que querem ver o Brasil eliminar
as restrições à comercialização de organismos geneticamente modificados (OGMs), mais conhecidos como
transgênicos. Não há nada de ilegal
ou de imoral nessa tentativa, mas cabe ao Brasil decidir de forma soberana se vai ou não aceitar a presença
dos transgênicos em sua agricultura.
São vários os elementos que as autoridades devem analisar. Em primeiro lugar, há o aspecto de segurança. Os adversários dos OGMs
sustentam que os fabricantes ainda
não demonstraram que os transgênicos não causam danos para a saúde humana e o ambiente. É verdade.
A rigor, não faz muito sentido falar
genericamente em OGMs. Seria
mais correto discutir os riscos de cada produto isoladamente. Os norte-americanos comem já há vários anos
milho e soja transgênicos sem que
sejam constatadas anormalidades
em sua saúde. Em relação ao ambiente, a questão é ainda mais complexa, pois envolve mais variáveis, algumas delas desconhecidas.
É claro que a nova tecnologia traz,
além de riscos, benefícios potenciais. O mais óbvio é o aumento de
produtividade, mas haveria também
ganhos ambientais, pois culturas
transgênicas dispensam ou reduzem
o uso de defensivos agrícolas. Fala-se, ainda, em melhorar o valor nutricional dos alimentos e até mesmo
em associá-los a vacinas.
Ainda que se conseguisse demonstrar que os transgênicos são relativamente seguros, haveria outros elementos para o Brasil considerar antes de aceitá-los. A Europa, por
exemplo, rejeita OGMs. Se o Brasil
também recusá-los, terá maior acesso ao mercado europeu. Outro ponto
é o direito do consumidor de escolher, o que exige que os rótulos dos
produtos indiquem se contêm ou
não componentes transgênicos.
O debate está longe de encerrado e
envolve, além das questões propriamente técnicas, fatores políticos e
econômicos nada desprezíveis.
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