São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SUBSTITUIR IMPORTAÇÕES

Pesquisa elaborada pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) estimou a substituição de importações, ocorrida após a mudança da política cambial em 1999, em US$ 7 bilhões. Substituição de importações é entendida como a produção interna de um bem cuja demanda era satisfeita pelo mercado externo. Não se confunde, portanto, com redução temporária de compras. Em alguns setores, a mudança de preços relativos advinda da desvalorização cambial foi suficiente para impulsionar a produção doméstica. Bens de consumo contribuíram com US$ 3,7 bilhões, representando 53% do total substituído.
Porém inúmeros segmentos -como material elétrico, componentes para aviões, resinas e artigos plásticos, equipamentos eletrônicos e produtos farmacêuticos- permanecem insensíveis à disparada da taxa de câmbio. Nesses casos, a indústria doméstica possui dependência externa estrutural. Uma recuperação da economia deve estimular o aumento da importação nesses setores, a despeito da desvalorização do real.
A expansão doméstica desses segmentos depende de um conjunto de incentivos, e não de subsídios. Isso porque pressupõe novos investimentos, cuja realização depende da atração de empresas globais que controlam o acesso a tecnologia. Depende ainda da redução de custos tributários (como renúncia de ICMS e de impostos para instalação de maquinário) e de fontes de financiamento, com prazo e juros compatíveis.
A dimensão das escalas de produção de alguns setores impõe também a necessidade de estabelecer política de investimento de forma integrada às políticas de comércio externo: privilegiar investimentos que abasteçam o mercado interno e que gerem relevantes excedentes exportáveis.
O estudo do Iedi mostra que a redução da vulnerabilidade externa da economia brasileira pressupõe políticas industriais, associadas com políticas de comércio exterior e de atração de investimentos. Tarefa nada fácil, dada a desaceleração da economia mundial. Mas não impossível.


Texto Anterior: Editoriais: TRANSGÊNICOS E A FOME
Próximo Texto: Editoriais: LULA E OS TUCANOS

Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.