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SUBSTITUIR IMPORTAÇÕES
Pesquisa elaborada pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) estimou
a substituição de importações, ocorrida após a mudança da política cambial em 1999, em US$ 7 bilhões.
Substituição de importações é entendida como a produção interna de um
bem cuja demanda era satisfeita pelo
mercado externo. Não se confunde,
portanto, com redução temporária
de compras. Em alguns setores, a
mudança de preços relativos advinda
da desvalorização cambial foi suficiente para impulsionar a produção
doméstica. Bens de consumo contribuíram com US$ 3,7 bilhões, representando 53% do total substituído.
Porém inúmeros segmentos -como material elétrico, componentes
para aviões, resinas e artigos plásticos, equipamentos eletrônicos e produtos farmacêuticos- permanecem
insensíveis à disparada da taxa de
câmbio. Nesses casos, a indústria
doméstica possui dependência externa estrutural. Uma recuperação da
economia deve estimular o aumento
da importação nesses setores, a despeito da desvalorização do real.
A expansão doméstica desses segmentos depende de um conjunto de
incentivos, e não de subsídios. Isso
porque pressupõe novos investimentos, cuja realização depende da atração de empresas globais que controlam o acesso a tecnologia. Depende
ainda da redução de custos tributários (como renúncia de ICMS e de
impostos para instalação de maquinário) e de fontes de financiamento,
com prazo e juros compatíveis.
A dimensão das escalas de produção de alguns setores impõe também
a necessidade de estabelecer política
de investimento de forma integrada
às políticas de comércio externo: privilegiar investimentos que abasteçam o mercado interno e que gerem
relevantes excedentes exportáveis.
O estudo do Iedi mostra que a redução da vulnerabilidade externa da
economia brasileira pressupõe políticas industriais, associadas com políticas de comércio exterior e de atração de investimentos. Tarefa nada fácil, dada a desaceleração da economia mundial. Mas não impossível.
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