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LULA E OS TUCANOS
O encontro entre o presidente
eleito Luiz Inácio Lula da Silva
e os sete governadores eleitos do
PSDB, ocorrido ontem em Araxá
(MG), possui, evidentemente, conotação político-partidária. Entre os tucanos, ensaia-se uma disputa pelo
controle da legenda, da qual serão
protagonistas os governadores eleitos de São Paulo, Geraldo Alckmin, e
de Minas, Aécio Neves. Já da parte de
Lula parece haver o interesse de
amainar um importante foco de oposição a seu governo.
A forma pela qual foi feito o ajuste
fiscal no Brasil redefiniu o pacto federativo que emergira da Carta de 88.
Essa mudança pode ser notada na diminuição da participação de Estados
e municípios na massa de tributos
arrecadados, em favor do crescimento da fatia do governo federal.
O processo ganhou contornos
mais definidos durante a gestão
FHC. Três de seus marcos foram o
aumento da carga tributária baseado
em contribuições sociais (exclusivas
da União), a assunção pelo governo
federal da dívida de Estados e municípios, que por sua vez começaram a
repassar até 13% de sua receita ao Tesouro, e os limites adicionais ao endividamento surgidos com a Lei de
Responsabilidade Fiscal.
Nesse contexto de restrição financeira, repasses de recursos federais
passaram a ser ainda mais cobiçados
por governadores e prefeitos. Em casos extremos, tais repasses podem
tornar-se fundamentais para que se
honrem despesas correntes -por
exemplo, o 13º salário de servidores.
Sintomática desse fenômeno foi a
pauta da reunião de ontem entre Lula
e os tucanos, que reservou um bom
espaço para a discussão de transferência de verbas federais.
Por essa ótica, pode-se dizer que
cresceu o poder do presidente da República em questões federativas. Se é
assim, a relação de Lula com os governadores tucanos pode ter influência, inclusive, nos rumos que tomará
o PSDB nos próximos anos.
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