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ALBA ZALUAR
Que guerra é essa?
O HOMICÍDIO É O CRIME menos suprimível pela polícia,
concluem criminólogos e
policiais na cidade de Nova York. Ali se comemora a contínua queda
do número de homicídios desde o
início dos anos 90, após a severa alta provocada pela epidemia de
crack nos anos 1980.
Em 1990, a cidade registrava o
número mais alto de assassinatos
em um ano -2.245-, quando predominava a violência entre estranhos. Em 2007, até 18 de novembro, foram mortas 428 pessoas, ou
seja, a queda foi de mais de 400%. E
agora se pergunta: o que fazer para
manter a façanha?
A polícia da cidade de Nova York
conseguiu diminuir o número de
homicídios que envolviam desconhecidos em áreas públicas. Portanto, reduziu o número e o padrão
dos homicídios naquela cidade. Mas não sabe o que fazer para continuar a administrar a queda.
Isto porque o homicídio é o mais
privado dos crimes e envolve pessoas que se conhecem em locais
privados ou semi-públicos. Não se
pode colocar policiais em cada esquina da vizinhança nem muito
menos dentro da casa das pessoas.
É preciso adicionar que, diferentemente de outras epidemias que
envolvem vetores naturais, no assassinato o vetor (a arma) é produzido, distribuído e usado por seres
humanos. Portanto, qualquer prevenção eficaz tem que tratar da
possível vítima, do seu algoz e do
vetor. Por isso a polícia nova-iorquina concentrou sua ação repressiva no porte ilegal de armas, principalmente entre homens jovens
nas vizinhanças negras e latinas, de
onde saem 92% das vítimas e seus
algozes. Apenas 7% destas e destes
são brancos.
E no Brasil, como estamos? Mal. É verdade que a epidemia de crack
também se abateu sobre as cidades
do Sudeste, a região mais rica do
país, em diferentes momentos e
ritmos.
No Rio de Janeiro, em 1998 morreram assassinadas 2.406 pessoas,
das quais 94% eram homens. Destes, 29% eram brancos, 13% negros
e 42% pardos. Em 2005, nos últimos dados disponíveis no Ministério da Saúde, foram 2.044 homicídios, dos quais 95% de homens,
30% brancos, 17% negros e 52%
pardos. Uma suada diminuição de 15%.
Na taxa de homicídio entre homens de 15 a 39 anos, a queda naquela cidade foi de 20%. No mesmo
período, essa taxa de homicídio em
São Paulo diminuiu 55%. Em Belo
Horizonte, ao contrário, a taxa subiu 230%. Em parte porque as epidemias da cocaína e do crack não
foram simultâneas; em parte pelas
diferentes estratégias adotadas pelas polícias em cada estado.
De todo modo, a queda registrada ainda é muito pouca diante dos
extraordinários números de assassinatos nas três cidades mais ricas
do país.
ALBA ZALUAR escreve às segundas-feiras nesta coluna.
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