São Paulo, quinta-feira, 26 de dezembro de 2002

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RESERVAS BAIXAS

O resultado das contas externas do Brasil em novembro, divulgado na semana passada, foi o melhor desde 1996. Pela primeira vez desde junho daquele ano, o déficit em transações correntes acumulado em 12 meses ficou abaixo de 2% do PIB. Em outras palavras, a necessidade de atrair dólares do exterior voltou a diminuir e chegou ao menor nível em mais de seis anos.
Apesar disso, as contas externas brasileiras estão longe de uma posição que possa ser considerada confortável. O "colchão" de dólares do BC continua delgado demais. As reservas brutas fecharam novembro em US$ 35,6 bilhões; as líquidas (que excluem recursos tomados ao FMI), em apenas US$ 15,6 bilhões. Este valor é suficiente para cobrir apenas quatro meses de importações.
A razão da persistência das reservas em nível baixo, apesar da rápida redução do déficit em conta corrente (que em agosto de 2001 ainda se situava na faixa dos 5% do PIB), é a prolongada e intensa retração do crédito externo, em particular dos empréstimos oferecidos por instituições privadas. Grande proporção das dívidas que estão vencendo não estão sendo refinanciadas.
Isso se reflete nos resultados da conta capital e financeira. Entre janeiro e novembro de 2001, o saldo positivo acumulado nessa conta foi de US$ 27,9 bilhões, valor que recuou para US$ 7,1 bilhões entre os mesmos meses de 2002. Descontando desse superávit o investimento direto, que alcançou US$ 12,7 bilhões, constata-se que houve saldo negativo da ordem de US$ 5,6 bilhões nos fluxos de crédito e de investimentos em ações e títulos de renda fixa nos primeiros 11 meses de 2002.
A redução da necessidade de atrair capitais propiciada pela rápida contração do déficit em transações correntes continua insuficiente para aliviar a grave escassez de dólares. A superação dessa escassez ainda exige aumentar a proporção dos vencimentos de dívida externa que se consegue rolar. Esse é um dos grandes desafios colocados para a política econômica nos próximos meses.


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