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RESERVAS BAIXAS
O resultado das contas externas do Brasil em novembro,
divulgado na semana passada, foi o
melhor desde 1996. Pela primeira vez
desde junho daquele ano, o déficit
em transações correntes acumulado
em 12 meses ficou abaixo de 2% do
PIB. Em outras palavras, a necessidade de atrair dólares do exterior voltou
a diminuir e chegou ao menor nível
em mais de seis anos.
Apesar disso, as contas externas
brasileiras estão longe de uma posição que possa ser considerada confortável. O "colchão" de dólares do
BC continua delgado demais. As reservas brutas fecharam novembro
em US$ 35,6 bilhões; as líquidas (que
excluem recursos tomados ao FMI),
em apenas US$ 15,6 bilhões. Este valor é suficiente para cobrir apenas
quatro meses de importações.
A razão da persistência das reservas
em nível baixo, apesar da rápida redução do déficit em conta corrente
(que em agosto de 2001 ainda se situava na faixa dos 5% do PIB), é a
prolongada e intensa retração do crédito externo, em particular dos empréstimos oferecidos por instituições privadas. Grande proporção
das dívidas que estão vencendo não
estão sendo refinanciadas.
Isso se reflete nos resultados da
conta capital e financeira. Entre janeiro e novembro de 2001, o saldo
positivo acumulado nessa conta foi
de US$ 27,9 bilhões, valor que recuou para US$ 7,1 bilhões entre os
mesmos meses de 2002. Descontando desse superávit o investimento direto, que alcançou US$ 12,7 bilhões,
constata-se que houve saldo negativo
da ordem de US$ 5,6 bilhões nos fluxos de crédito e de investimentos em
ações e títulos de renda fixa nos primeiros 11 meses de 2002.
A redução da necessidade de atrair
capitais propiciada pela rápida contração do déficit em transações correntes continua insuficiente para aliviar a grave escassez de dólares. A superação dessa escassez ainda exige
aumentar a proporção dos vencimentos de dívida externa que se consegue rolar. Esse é um dos grandes
desafios colocados para a política
econômica nos próximos meses.
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