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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Os bem-amados
SÃO PAULO - José Roberto Arruda, tucano de outrora e ex-DEM,
agora sem partido, é o governador-panetone, mas o troféu Uva Passa
ficou com Yeda Crusius, do PSDB
do Rio Grande do Sul. Ela conseguiu a proeza de figurar atrás do colega do Distrito Federal, em último
lugar no ranking produzido pelo
Datafolha a partir da avaliação popular dos governos em dez Estados.
A comparação entre desempenhos administrativos em diferentes
Estados pode ter algo de arbitrário,
mas saber que a sociedade do Sul é
mais organizada ou foi mais à escola
do que os candangos do DF não refresca muito a vida de Yeda. O fato é
que os gaúchos hoje parecem pôr
em dúvida a capacidade da tucana
para administrar uma penteadeira.
O caso de Arruda é até mais acintoso. Sua simples presença no ranking já incomoda. É o tipo de participação que "avacalha" qualquer jogo democrático. Às pessoas de boa-fé, soa escandaloso que Arruda ainda esteja no cargo, assinando papéis, dando ordens "administrativas", gerindo o dinheiro público,
distribuindo seus "panetones".
Papai Arruda Noel antecipou o
pagamento do funcionalismo, liberando cerca de R$ 248 milhões, como forma de obter apoio para se segurar no cargo. E conseguiu protelar para janeiro a análise do seu impeachment na Câmara Legislativa.
Conforme se distancia da política
nacional -carta fora do baralho- e
se isola, Arruda amplia paradoxalmente a chance de se salvar, ainda
que relegado à sarjeta moral.
O Distrito Federal se tornou nas
últimas semanas uma espécie de
Sucupira pós-moderna, com seus
personagens corruptos e seu enredo meio fantástico. É incrível que a
capital da República tenha se convertido em pastiche tardio da telenovela que há mais de 30 anos alegorizava a corrupção e a politicalha
dos coronéis no interior do país.
E para quem ainda desconfia da
atualidade de Odorico Paraguaçu, o
Bem-Amado, vem aí Joaquim Roriz, o padrinho de Arruda, favorito
nas pesquisas para o DF em 2010.
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