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FERNANDO RODRIGUES
Os nanicos
BRASÍLIA - Poucos prestaram
atenção, mas TVs e rádios interromperam suas programações para
que o obscuro PT do B desse seu recado na noite da véspera de Natal.
Foram cinco minutos pagos com o
dinheiro dos contribuintes, pois as
emissoras abatem parte do prejuízo
com essas transmissões na hora de
pagar impostos.
No início do mês, o PT e o PSDB
também tiveram seus programas
em rede nacional -dez minutos cada um, o dobro do tempo do PT do
B. Há uma disfunção nessa divisão.
O partido nanico recebeu apenas
0,3% da votação para deputado federal na eleição de 2006. Já petistas
e tucanos tiveram 15% e 13,6% dos
votos, respectivamente.
De todas as anomalias político-partidárias, uma das mais perversas
é o chamado horário "gratuito" em
rádio e TV. Uma massa de desconhecidos, com inserção minúscula
no eleitorado, aparece regularmente propondo aerotrens e outras excentricidades. Muitos programas
servem apenas de boca de aluguel
para políticos alienígenas atacarem
adversários.
Tudo começou por uma razão nobre. A ditadura militar (1964-85)
destruiu os partidos. Na volta da democracia, os novos agrupamentos
políticos pressionaram para ter
acesso ao rádio e à TV. Fazia sentido. Era necessário um canal de comunicação com a sociedade.
Passaram-se 30 anos e a benemerência permanece intacta. Alguns
partidos se consolidaram. Outros
sumiram. A maioria, nanica, vive de
sugar o dinheiro público.
Seria errado proibir a formação
das microssiglas. Mas é um desrespeito ao eleitor dar a essa minoria
um tratamento incompatível com
os votos recebidos nas urnas. Basta
uma lei para limitar essa farra no
rádio e na TV. Embora tecnicamente simples, nenhum governo se
atreve a tratar do assunto. É sempre
útil ter essa turma à disposição
quando é necessário falar mal de alguém numa campanha.
frodriguesbsb@uol.com.br
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