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LUCROS NA EDUCAÇÃO
Embora esteja dentro da lógica imposta pela politica de ensino superior, não deixa de ser surpreendente o enorme crescimento
das universidades privadas no Brasil.
De acordo com o mais recente ranking do setor, elaborado com números do Ministério da Educação de
2001, a maior instituição do país é a
Unip (Universidade Paulista), com 81
mil alunos. Em segundo lugar vem a
fluminense Universidade Estácio de
Sá, que, com 60 mil estudantes, experimentou um crescimento de incríveis 76,6% de 2000 a 2001.
Para que se perceba a real dimensão das mudanças, convém comparar o ranking de 2001 com o de 1991.
Naquela ocasião, Unip e Estácio nem
sequer apareciam na lista das 20
maiores instituições, em que figuravam dez universidades públicas e dez
privadas. Atualmente, das 20 maiores, 14 são particulares.
O déficit educacional do Brasil é
grande no ciclo superior. Há espaço
para instituições públicas e privadas.
O que é preocupante é a suspeita
-em muitos casos fundamentada- de que o crescimento das particulares esteja ocorrendo sem maiores preocupações para com a qualidade do ensino ministrado. Um diploma ao qual não corresponda um
bom curso não é muito mais do que
um pedaço de cartolina. Em algumas
carreiras, como medicina ou direito,
pode até ser uma ameaça pública,
pois são grandes os riscos que corre
alguém que se consulte com um médico ou advogado incompetentes.
Uma das tarefas do novo governo
no que diz respeito ao ensino superior será tentar trazer mais rigor ao
sistema. Instituições que demonstrarem repetidas vezes mau desempenho precisarão ser fechadas. Não fazê-lo equivale a enganar os alunos,
que pagam caro por um curso que
pouco ensina, e pôr em perigo a população, que acabará arcando com
os ônus de profissionais despreparados atuando em diversos setores.
Uma educação de qualidade não é
necessariamente incompatível com
o lucro, mas vai muito além dele.
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