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LUZ NO PÂNTANO
No formidável pântano em
que mergulhou o Oriente Médio nos últimos 17 meses, surge enfim uma proposta capaz de sacudir o
imobilismo e a lógica "matar e morrer" que vem se impondo entre israelenses e palestinos.
O autor da proposta é o príncipe
saudita Abdullah Ibn Abdulaziz, governante de fato da Arábia Saudita.
Sugere a devolução por Israel de todos os territórios tomados aos palestinos em troca de uma paz abrangente com todo o mundo árabe, o que
implica naturalmente o reconhecimento do Estado judeu.
A novidade na proposta é a sua
abrangência. Uma coisa é trocar territórios pela paz unicamente com os
palestinos. Outra, teoricamente bem
mais satisfatória para Israel, é devolver os territórios tendo como contrapartida a paz com todos os vizinhos e
com os demais países árabes que
não fazem fronteira com Israel.
É claro que a proposta demanda alguns esclarecimentos. O principal
deles: o príncipe saudita fala também pelo Iraque de Saddam Hussein, o mais encarniçado inimigo do
Estado judeu na região?
Fala pelo Irã, que, não sendo país
árabe, é no entanto parte vital do
complexo xadrez do Oriente Médio?
É razoável supor que tais dúvidas
sejam desfeitas somente durante a
cúpula árabe marcada para o fim do
mês de março, em Beirute.
Até lá, compete especialmente a Israel criar as condições para que a
idéia saudita não morra. Ela pode ter
defeitos, mas é a única dos últimos
muitos meses que, ao menos em tese, permite romper o ciclo de violência, atender aos legítimos anseios
dos palestinos e, com isso, retirar
oxigênio dos grupos extremistas que
são responsáveis por parte da violência (outra parte é praticada pelas forças de segurança israelenses).
A alternativa é a perenização do
conflito. A história já demonstrou
que, nessa hipótese, os dois lados
acabam perdendo.
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