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CLÓVIS ROSSI
O impasse e a perplexidade
SÃO PAULO - Richard Lapper, editor de América Latina do jornal britânico "Financial Times", fez, na semana
passada, um balanço da região. Conclusão básica:
"Desapontados com os resultados
de duas décadas de reforma liberal,
muitos cidadãos latino-americanos
estão de novo abraçando políticas
populistas e autoritárias".
A primeira parte (o desapontamento) é real. A segunda (a reação) é
questão em aberto.
No caso do Brasil, o mais importante país da região, o principal candidato oposicionista, Luiz Inácio Lula
da Silva (PT), já disse que nem há dinheiro para reestatizar empresas privatizadas nem, se houvesse, seria um
bom uso para ele.
Privatizações em larga escala foram as mais importantes (e emblemáticas) das reformas liberais.
O problema da América Latina,
suspeito, é menos o de uma eventual
recaída no populismo e no autoritarismo do que o da perplexidade ante
a falta de respostas para a fadiga com
as reformas liberais.
De parte dos liberais, como o texto
do jornal britânico deixa claro, a resposta é mais reformas (privatizar o
que falta e fazer as reformas chamadas de segunda geração, tais como
tapar o buraco da Previdência Social
e criar instituições que sejam capazes
de regular a economia de mercado
de maneira menos frouxa).
Esse caminho está bloqueado por
falta de suporte político. A Argentina
pode ser um caso extremo, mas não é
exemplo isolado.
Na outra ponta, há textos produzidos pelo Fórum de Porto Alegre. Ao
contrário da crítica convencional,
idéias há, mas padecem de dois males: são fragmentadas demais para
fornecer um guia de ação para qualquer governante e, no geral, demandam a criação de uma maioria política, não raro internacional, que não
está no horizonte.
A eleição brasileira de 2002 iluminará caminhos ou apenas aumentará a perplexidade?
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