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REVER AS METAS
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom)
divulgou ontem a ata da sua reunião
de fevereiro, na qual expõe os motivos que o levaram a manter, pelo segundo mês consecutivo, a taxa básica de juros em 16,5% ao ano. Em resumo, o documento afirma que o
comportamento dos preços justifica
temores de que o cumprimento da
meta de inflação para este ano, de
5,5%, poderia se frustrar caso ocorresse agora novo corte de juros. A
"probabilidade concreta" de a inflação se desviar da meta exigiria "cautela adicional" na política monetária.
Em relação à atividade econômica,
o Copom considera que o cenário de
recuperação permanece, embora os
efeitos dos cortes da taxa de juros do
ano passado não tenham se materializado por inteiro. Mesmo reconhecendo que a queda da renda do consumidor dificulta a retomada em alguns setores, a avaliação do BC é que
a melhoria se dará "naturalmente,
como conseqüência da disseminação gradual do crescimento do restante da economia". A ata descarta
uma "flexibilização excessiva da política monetária" para impulsionar
esses setores, considerando que isso
geraria pressões inflacionárias.
É claro, portanto, que a ênfase do
BC está no cumprimento estrito da
meta de inflação, sem levar em conta
a margem de tolerância, de 2,5 pontos percentuais. O Copom avalia que
a manutenção dos juros trará menos
danos para o crescimento do que
uma redução da taxa traria para o
cumprimento rigoroso da meta.
São muitas as dificuldades para o
funcionamento do sistema de metas
de inflação numa economia sujeita a
instabilidades na taxa de câmbio que
afetam quase imediatamente os preços. Não bastassem esses problemas, a administração desse modelo
tem sido marcada por equívocos. Inclinado a ser mais realista do que o
rei, o governo petista, obrigado pela
crise a mudar as metas no início do
ano passado, optou, ainda assim,
por fixar objetivos ambiciosos para
2004 (5,5%) e 2005 (4,5%).
O país vê-se agora refém dessas opções, que são mantidas de forma inflexível. Já é hora de abrir o debate sobre a revisão da política de metas.
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