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CASSINO NACIONAL
Causa escalafrios a simples
menção de que os bingos possam vir a ser estatizados. Seria um
duplo retrocesso: o Estado voltaria a
atuar como empresário -uma tarefa para a qual já se mostrou inteiramente desqualificado- e estaria explorando o vício em vez de desestimulá-lo, como seria de esperar de
um ente que deveria estar comprometido com a saúde pública.
Argumentar, como o fazem os empresários do setor, que a atividade
deve ser legalizada porque gera empregos beira a indigência intelectual.
O tráfico de drogas e o roubo de cargas também criam postos de "trabalho", o que não justifica a criação de
uma Narcobrás ou uma Embrafurto.
A única destinação aceitável para os
bingos é a proscrição. A atividade é
indesejada quer se a analise sob a
perspectiva da saúde pública quer
sob a ótica de sua vulnerabilidade às
atividades do submundo.
A decisão do governo Luiz Inácio
Lula da Silva de proibir o bingo e os
caça-níqueis, embora correta, foi
guiada pelo intuito de abafar o escândalo Waldomiro Diniz. Ainda assim,
involuntariamente, colocou uma
lente de aumento sobre a situação da
jogatina no país. E o que se vê é uma
realidade caótica, na qual alguns jogos são permitidos, outros vetados,
outros admitidos e outros, ainda, explorados pelo próprio Estado.
Tome-se o exemplo do jogo do bicho: relegado ao limbo da contravenção, é praticado às claras. Se a idéia é
impedir sua prática, não deveria ser
"meio" proibido, mas criminalizado
e combatido. Também merecem ser
repensadas as loterias, que se multiplicam sob o anteparo de suas contribuições sociais, como o apoio ao
esporte e o investimento em penitenciárias. Seriam essas finalidades as
mais adequadas? O Estado precisaria
organizar jogos para atendê-las?
Se o governo considera urgente enfrentar o bingo, que faça o mesmo
com o jogo como um todo. O país
não pode ficar à mercê da lógica casuística de uma administração que,
acuada, defende-se atirando a esmo.
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