São Paulo, segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

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PAINEL DO LEITOR @ - leitor@uol.com.br


Campanhas
"Enquanto nossos legisladores proíbem camisas, bonés, bottons e outros tradicionais brindes nas campanhas eleitorais, Lula, como nos mostrou a Folha ontem, nada de braçada com o Bolsa-Família. E quem pode contar com essa "esmola oficial" para alavancar sua candidatura não precisa nem sequer se preocupar em arranjar os tais financiamentos de campanha. Afinal, o financiamento para o principal brinde aos eleitores já foi feito na arrecadação de impostos. E viva a reeleição!"
Simão Pedro Marinho (Belo Horizonte, MG)

Oposição
"O insucesso dessa gente da oposição (PSDB-PFL) se deve ao fato de ser dificílimo convencer a sociedade de que o outro é corrupto quando se carregam nas costas os precatórios, as irregularidades gritantes das privatizações, o escândalo Marka/FonteCindam etc. etc. etc."
Anselmo Fernando Grecco (Votorantim, SP)

Bono e a pobreza
"A turnê Vertigo, do U2, rendeu US$ 260 milhões apenas com a venda de ingressos no ano passado. Ao mesmo tempo, o líder da banda, Bono, está entre os 191 indicados para o Nobel da Paz de 2006 por conta de sua campanha contra a pobreza. Mas, ainda que surja diante das câmeras e dos flashes como defensor dos menos favorecidos, Bono acredita que "as nuvens negras sempre parecem seguir os pobres por todo o lado" ("Bono elogia Ivete e critica políticos", Cotidiano, 25/2). Essa é uma péssima imagem para descrever a pobreza. A pobreza não é inevitável como uma nuvem sobre as nossas cabeças. A pobreza não é parte do jogo. Ela é a prova de que o nosso jogo é perverso. Se o jogo é ganhar muito e muito rapidamente (um ano!), Bono e seus colegas de empreendimento jogam bem. Mas a posição de bom moço parece bastante ambígua para quem está totalmente inserido num modo de vida que produz pobreza. O U2 se assemelha a muitas das mais respeitáveis empresas do planeta, com seus lucros estratosféricos e seus programas sociais de fachada. Dizer que isso é ambigüidade é até elogio."
Artur Rafael Theodoro (São Paulo, SP)

Crimes hediondos
"A decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a progressão de pena para crimes hediondos é um absurdo e apenas demonstra que os senhores ministros encontram-se totalmente fora da realidade nacional. Talvez seja porque residem em uma cidade onde o IDH é equiparado ao de países da Europa. A declaração de inconstitucionalidade permitirá não apenas a progressão de regime para crimes hediondos mas que penas inferiores a oito anos sejam cumpridas em regimes diferentes do fechado (semi-aberto ou aberto). Por exemplo: um estuprador condenado à pena mínima (seis anos) terá o direito de iniciar o cumprimento dela em regime semi-aberto, o qual deverá ser cumprido em colônias agrícolas/industriais. Como tal estabelecimento (colônia agrícola) praticamente inexiste no sistema prisional brasileiro, o condenado poderá valer-se das regras do regime aberto, pois os tribunais superiores (STF e STJ) já pacificaram que ele não pode ser prejudicado em razão da omissão ou ineficiência do Estado em construir presídios adequados. Assim, com direito ao regime aberto, poderá "trabalhar" durante o dia e apenas passar a noite no estabelecimento prisional. Ou seja, condenado por estupro a seis anos de prisão, o criminoso poderá não permanecer nenhum dia preso em cadeia ou presídio. É a ressocialização pretendida e almejada pelo STF. Agora vamos tentar explicar isso tudo para a vítima do estupro."
Sebastião Marcos Martins (Luziânia, GO)

Bancos
"Que me desculpe a senhora Helga Szmuk ("Painel do Leitor", 26/2), mas ela não sabe o que diz a respeito dos lucros dos bancos, pois os lucros não advêm de competência administrativa, mas, sim, do abuso de cobrança de tarifas, dos juros escorchantes, da "empurroterapia" de produtos goela abaixo dos clientes -usando a chantagem para a concessão de crédito- e de muito mais. Aumentar tarifas em mais de 100% ao ano -e governo nenhum falar nada sobre isso- não é competência. E provoca a maior concentração de renda já vista. Fui gerente de agência do maior banco do país e posso falar: esse é "campeão".
Flávio Cardoso (Guariba, SP)

Formiguinha
"Em relação ao artigo "A terceira quebra" ("Tendências/Debates", 22/2), explico que "formiguinhas" não é expressão preconceituosa contra gente humilde. É a forma carinhosa e respeitosa como nossa gente humilde é tratada por construir, tijolo a tijolo, sua moradia."
Alberto Goldman, deputado federal e primeiro vice-presidente do PSDB (São Paulo, SP)

Crescimento
"Por que o Brasil não cresce mais do que está crescendo? Respostas dos economistas: por causa do baixo investimento na produção, porque priorizamos o controle da inflação, por culpa de fatores estruturais, do aumento da carga tributária, dos juros altos, do elevado superávit primário e porque não se reduzem os gastos públicos, não se investe em educação etc. O que impressiona nessas respostas dos economistas é a ausência do fator mais importante: a dívida pública. Em 2005, R$ 155 bilhões foram desviados da economia para pagamento de juros. Será que esse não é o fator determinante?"
Antonio Negrão de Sá (Rio de Janeiro, RJ)

Globo na Copa
"No momento em que se discute qual deve ser o padrão da televisão digital a ser adotado no Brasil, a carta da leitora Márcia Meireles ("Painel do Leitor", 24/2), na qual defende que a TV Globo libere para outros meios de comunicação os direitos que adquiriu para a próxima Copa do Mundo de futebol, é uma ótima oportunidade para registrar que toda a população brasileira poderá ter acesso a esse acontecimento de forma gratuita através do único veículo com essas características: a televisão aberta. As restrições que estabelecemos, em cumprimento às determinações dos detentores dos direitos, é apenas para impedir que outras empresas lucrem com uma atração que já estará democraticamente disponível, sem custo, para o torcedor brasileiro."
Luis Erlanger, Central Globo de Comunicação (Rio de Janeiro, RJ)

Confisco Sindical
"Todo ano é a mesma coisa: o trabalhador é confiscado em um dia de trabalho para sustentar o sindicato ao qual sua atividade está filiada. É revoltante trabalhar um dia do ano para sustentar os sindicatos, que, em sua maioria, não representam nenhum interesse que vá além dos seus próprios. Se o Brasil não fosse uma democracia de araque, nós não seríamos obrigados a contribuir compulsoriamente, e os sindicados seriam obrigados a de fato representar os trabalhadores para receber alguma coisa. Como o dinheiro entra "de graça", ou seja, os sindicatos não precisam fazer nada para merecer esse rio de dinheiro que recebem, eles fazem o que fazem: fingem que representam os interesses dos trabalhadores, mas, na verdade, esses interesses estão sempre em último lugar da fila. Faço meu inútil protesto, pois, neste país, os interesses dos trabalhadores nunca são levados em conta na hora de se fazer as leis."
Otoniel Meyer Garcia (São Paulo, SP)

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