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FERNANDO GABEIRA
O bloco da quinta-feira
RIO DE JANEIRO - Muitos blocos
saem na Quarta-Feira de Cinzas.
Um deles estava preparado para 48
horas depois. Era o bloco mascarado do PMDB do Rio.
Na quinta, preparava a mudança
na diretoria do fundo de pensão
Real Grandeza, dos funcionários de
Furnas. Houve gritaria, o bloco recuou. Mas está sempre na tocaia,
pronto para o bote.
Furnas foi entregue ao PMDB do
Rio. A empresa já havia sido estrela
de escândalos no tempo de um diretor chamado Dimas Toledo. Dizia-se dele que controlava 33 deputados e dois governadores. Mas não
resistiu ao impacto do mensalão.
Passou algum tempo e Furnas cai
nas mãos de um novo dirigente talvez mais voraz que o outro. Seu objetivo não é apenas conduzir a empresa, mas também os milhões da
aposentadoria dos funcionários.
Por que um partido quebraria tantas lanças para ocupar um fundo de
pensão?
O domínio fisiológico será sempre assim. Se há gritaria, recuam.
Quando todos se distraem, atacam
de novo. É a lógica que empregam
no Congresso. Quando houve o movimento contra os sanguessugas,
recuaram e permitiram que se
aprovasse o voto aberto, em primeiro turno. A pressão foi atenuada e
jamais se votou o segundo turno.
A eleição do corregedor do castelo foi outro exemplo. Ele recuou
com a grita. Concederam mais
transparência, divulgando notas da
verba indenizatória. Esperam agora
o refluxo da onda.
É uma pena o Brasil seguir assim.
Não pelas lutas e denúncias, pois isso faz parte de qualquer processo,
inclusive o norte-americano. Aqui,
a dupla Sarney-Renan é fixada no
Ministério de Energia. Nosso ministro é o Lobão. O dos EUA é um
Prêmio Nobel de Física, Stephen
Chu. Energia é tão importante lá
como aqui. Diferente é o modo de
governar. Lobão e Chu são um bom
tema para meditar na Quaresma.
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