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ELIANE CANTANHÊDE
Um por todos, todos por um
BRASÍLIA - Tanto meteram o pau na CPI do Narcotráfico, mas o resultado
está aí: toda essa gente que está barbarizando e sendo presa foi identificada e entrou no alvo da imprensa, da polícia e da Justiça graças à CPI.
Foram indiciados mais de 800 sujeitos, e 300 deles acabaram presos.
Exemplos mais evidentes: Fernandinho Beira-Mar, Hildebrando Paschoal, Leonardo Dias Mendonça, o tal Gratz, o coronel Ferreira. E isso é
só uma parte. Houve prisões em São
Paulo, Piauí, Paraná, Goiás, Maranhão. Só no Acre, umas cem.
Tudo o que se diz e comenta é que o
Congresso é uma inutilidade cara e
que os políticos são "todos iguais".
Mas as CPIs mostram o que os plenários e as comissões, por mais que funcionem, não são suficientes para convencer: a política move montanhas.
Ou move o mundo.
CPIs, porém, não são tudo. Os principais líderes da CPI do Narcotráfico,
encerrada em dezembro de 2000,
querem mais. Moroni Torgan, Magno Malta e Laura Carneiro, por
exemplo, tentam articular uma hipercomissão com Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público
para continuar o trabalho e identificar, trabalhar e punir os alvos numa
ação com princípio, meio e fim.
Evitando que a coisa aconteça aos
borbotões durante as investigações,
com imprensa em cima e polícia
agindo, e depois pare. "Acaba a CPI,
começa tudo a andar para trás", diz
Torgan. "Esses chefes da quadrilha a
gente já está careca de conhecer. Cadê os novos?", acrescenta Carneiro.
Atenção: não se fala aqui em mais
uma comissão dessas teóricas e meteóricas criadas (até mesmo no atual
governo) sempre que a porca torce o
rabo e ninguém sabe o que fazer.
Cria-se uma comissão, a imprensa
registra com destaque e vamos todos
dormir em paz. Paz?
Desta vez, a comissão idealizada é
multidisciplinar e operacional. Ou
seja, não é para discutir, é para agir.
Não há tempo a perder. O crime organizado e a violência estão fora de
controle, e o assassinato dos juízes é
só um aviso: a guerra mal começou.
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