São Paulo, sábado, 27 de março de 2004

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SEM EMPREGO

O desemprego continua em nível elevado, como mostrou a pesquisa mensal divulgada anteontem pelo IBGE. A taxa nacional atingiu 12% em fevereiro, contra 11,7% em janeiro. Embora a quantidade dos que trabalham tenha permanecido estável, mais pessoas procuraram emprego, o que ocasionou a pequena elevação do índice. É um detalhe diante da constatação de que o mercado de trabalho vive uma situação terrível. Uma série de fatores, entre os quais o baixo padrão de crescimento e as mudanças no perfil da produção econômica, conspirou, nos últimos anos, para criar o alarmante quadro atual.
Dados da Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados) relativos à região metropolitana de São Paulo contam de forma dramática a história dessa mudança de patamar: a partir de 1990 desaparecem os índices anuais de desemprego abaixo de 10%, algo que ainda se verificava nos anos anteriores. Ao longo da última década, os indicadores elevaram-se rapidamente e passaram a girar em torno dos 20% no maior centro industrial do país. O comportamento é análogo em outras regiões metropolitanas. O alto desemprego tornou-se um drama nacional, em que pesem bolsões de prosperidade, como o agronegócio.
São conhecidos os reflexos sociais que têm acompanhado a deterioração do mercado de trabalho e do rendimento dos trabalhadores, a começar pelo aumento da criminalidade. Não por acaso, o desemprego foi um dos temas centrais da última campanha eleitoral para a Presidência. Todos os candidatos se apresentaram como capazes de enfrentar o problema, mas foi o líder do Partido dos Trabalhadores quem venceu, prometendo fazer da geração de empregos uma verdadeira "obsessão".
Até aqui, no entanto, as iniciativas nesse sentido têm sido pífias, como demonstra o retumbante fiasco do programa Primeiro Emprego. É certo que não há solução imediata para o problema, mas é preciso que o governo faça o que está a seu alcance. É urgente que a economia ingresse numa trajetória de crescimento sustentado e que se implementem políticas voltadas para o estímulo dos setores que mais empregam.


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